Da entrada confiante até a saída sob críticas do PT
Falou naquele dia ao lado de Nelson Barbosa, que havia sido preterido para a Fazenda e indicado ao Planejamento. O "Chicago boy" de formação ortodoxa era naquele momento tido como o fiador da política econômica. Levy era a esperança do mercado de dias melhores na economia depois de um processo eleitoral difícil, contas públicas maquiadas e déficit fiscal.
Assumiu o ministério com um duro discurso criticando fortemente o patrimonialismo e as políticas setoriais. "O patrimonialismo, como se sabe, é a pior privatização da coisa pública. Ele se desenvolve em um ambiente onde a burocracia se organiza mais por mecanismos de lealdade do que especialização ou capacidade técnica, e os limites do Estado são imprecisos", afirmou.
Levy e Nelson travaram nos bastidores uma guerra em que discordavam nos principais pontos da política econômica. Levy começou ganhando batalhas. Anunciou medidas duras de endurecimento nas regras para o seguro-desemprego e pensões e aumentou impostos sobre gasolina e bebidas. Cortou subsídios nos financiamentos dos bancos públicos. Acabou com a desoneração sobre a folha de pagamentos.
Workaholic, trabalhou arduamente para ver seu ajuste fiscal aprovado. Ficava até as 2h da manhã no ministério rotineiramente. Exigente com sua equipe, trocava de assessores com frequência. Fazia o corpo a corpo com deputados e senadores.
Mas, à medida em que a crise política se aprofundava, a arrecadação se retraia, a inflação se aproximava de dois dígitos e o desemprego começava a crescer, as vitórias de Levy foram minguando.
E ministro passou a ser alvo de críticas cada vez mais vorazes, principalmente do PT, capitaneadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Levy insistia que o ajuste fiscal precisava ser aprovado para que a economia voltasse a crescer. E era atacado por só falar em ajuste fiscal. Com o rebaixamento seu destino estava selado. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo