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Temor sobre plano de resgate do Chipre pressiona euro

19:40 | 17/03/2013
O euro opera sob pressão nas primeiras horas de negócios na Ásia e na Nova Zelândia, onde já é segunda-feira, com operadores e investidores absorvidos pelo controverso plano da comunidade internacional para salvar do colapso o sistema bancário do Chipre. O acordo fechado no sábado prevê a criação de uma taxa sobre os depósitos bancários, para arrecadação de 5,8 bilhões de euros. Trata-se do primeiro plano a incluir os depositantes em um socorro financeiro na Europa e o mercado teme que abra precedente para eventuais próximos planos de resgate.

Economistas e analistas expressaram surpresa diante da decisão das autoridades da zona do euro de taxar todos os depósitos no Chipre. O mercado, mesmo que aliviado pelo fato de o governo ter fechado um acordo com seus credores internacionais, começa a temer sobre os desdobramentos do acordo e de que a mesma fórmula possa ser utilizada em outros países com dificuldades financeiras. Ainda há o risco de o plano ser rejeitado pelo Parlamento em votação prevista para amanhã, após ter sido adiada neste domingo.

No sábado, o governo do Chipre fechou acordo com a União Europeia, Banco Central Europeu e com o FMI para garantir empréstimo de 10 bilhões de euros ao país. Em contrapartida, o governo terá de impor uma taxa única sobre o dinheiro mantido em contas bancárias em Chipre. Contas com mais de 100 mil euros serão taxadas em 9,9%, enquanto os valores abaixo disso pagarão 6,75%. O imposto, que deve resultar numa arrecadação extra de 5,8 bilhões de euros, será cobrado uma única vez. O governo disse neste domingo que ainda negocia meios para suavizar o impacto sobre os depositantes menores.

Analistas de mercado esperam que, no curto prazo, o assunto cause nervosismo e volatilidade nos preços dos ativos. "Os desdobramentos no Chipre causarão vendas de euros e dólares, e compra de francos suíços, libra esterlina, coroa norueguesa e coroa sueca", disse o analista do Citigroup, Steven Englander, em nota a clientes. "A questão é saber se haverá uma crise em larga ou pequena escala. Diante do elemento surpresa, as autoridades da zona do euro provavelmente não têm medidas concretas preparadas para convencer todos os depositantes do sistema bancário de que isso nunca mais acontecerá. Portanto, há o risco de vermos um pico de queda do euro e uma significativa abertura dos spreads dos bônus".

Operadores dizem que os investidores também demonstravam preocupações de contágio da crise no Chipre para outros países da zona do euro, embora tal temor tenha potencial de propagação reduzido pelo fato de o país ser economicamente pequeno dentro da Europa.

"Uma retomada da crise é improvável", disse o analista de moedas do Commerzbank, Ulrich Leuchtmann, em Frankfurt. "O mercado de moedas pode optar por uma pausa para avaliar a reação do mercado de bônus nos próximos dias. Até que haja maior clareza, o natural é que haja nervosismo e pressão de venda contra o euro frente ao dólar", acrescentou. Ele diz que o dólar australiano e da Nova Zelândia também devem ceder em condições mais agitadas de mercado. O iene, por sua vez, deve ganhar, avaliou. "Mas o movimento deve se estabilizar assim que a situação se estabilizar, provavelmente no final desta semana", previu.

O JPMorgan disse que os bônus da Itália e da Espanha devem se enfraquecer um pouco, enquanto os bônus da Alemanha, que normalmente sobem quando o mercado está nervoso, devem avançar apenas modestamente. Já os bônus do Chipre e outros que são mais voláteis, a reação tenderá a ser mais profunda, especialmente se a situação política ganhar ares caóticos, diz o banco norte-americano. Uma rejeição do acordo fechado entre o governo e seus credores internacionais tem potencial para propagar tal situação nos mercados.

A reação dos depositantes, que controlam um terço dos 68 bilhões de euros depositados, será acompanhada quando os bancos reabrirem na terça-feira, após o feriado de amanhã. Em janeiro, houve saques de cerca de 1,7 bilhão de euros do sistema bancário, segundo dados oficiais, por causa de temores de que algum imposto fosse criado. As informações são da Dow Jones.

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