Emprego em alta pressiona inflação, dizem analistas
Para o economista José Márcio Camargo, da gestora de recursos Opus, a atual situação do emprego é "altamente inflacionária", porque leva a um crescimento de 8% a 10% dos salários ao ano, acima da inflação. "Sem aumentar a taxa de desemprego, será difícil manter a inflação sob controle num prazo mais longo - a inflação vai se acelerar lentamente", diz.
Camargo acrescenta que "qualquer crescimento (do PIB) acima de 1% vai manter o mercado de trabalho aquecido e, para provocar um aumento na taxa de desemprego, a economia terá de ter crescimento próximo de zero ou negativo". Ele nota que a população economicamente ativa está crescendo pouco, a produtividade não está aumentando e a economia está se expandindo com base no setor de serviços, que emprega mais mão de obra.
Segundo seus cálculos, se forem eliminadas todas as desonerações tributárias e outras medidas para controlar preços, como a defasagem dos combustíveis e a redução das contas de luz, a inflação anual estaria por volta de 7,4%, bem acima do teto do limite de tolerância do sistema de metas, de 6,5%. Para muitos economistas, aquelas medidas sobre preços reduzem o índice de inflação apenas momentaneamente, mas não atacam as pressões inflacionárias de fundo.
Hoje, uma boa parte dos analistas prevê que o Banco Central (BC) elevará a Selic, a taxa básica de juros, em algo como 1 a 1,5 ponto porcentual este ano (ela está em 7,25%). Mas, para conter a inflação derivada do mercado de trabalho aquecido (que afeta principalmente o setor de serviços, protegido da competição internacional), vários economistas acham que a alta da Selic teria de ser muito maior.
Essas grandes altas dos juros, porém, são descartadas unanimemente, já que seriam o equivalente a uma forte freada na economia e no emprego que provavelmente se faria sentir principalmente em 2014, ano de eleição presidencial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.