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BID recomenda reformas estruturais na América Latina

18:02 | 17/03/2013
Para conseguir atingir um patamar de crescimento maior, levando em conta as estimativas de um crescimento mundial menor nos próximos cinco anos, a região da América Latina e Caribe deverá implementar reformas estruturais, principalmente relacionadas ao mercado de trabalho e aos investimentos. A recomendação faz parte do Informe Macroeconômico da América Latina e Caribe de 2013, divulgado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) é de que o crescimento médio da região, no período de 2013 a 2017, seja 0,9 ponto porcentual menor do que no período de 2003 a 2007, quando a alta observada foi de 4,8%. Um dos fatores que explicam essa possível desaceleração é a diminuição prevista dos preços das commodities. "Preços mais baixos significam uma deterioração nas relações de troca comercial para a maioria dos países da região e, portanto, causam impacto negativo na receita", diz o BID.

O informe também aponta certa preocupação com o ritmo de investimentos e prevê uma desaceleração, de uma taxa de crescimento de 10% ao ano para 5% ao ano. Essa queda, segundo o documento, vai impedir que a região consiga reduzir sua lacuna de infraestrutura. Há ainda temor com a persistência dos ventos contrários que atingem os principais blocos econômicos mundiais.

De acordo com o documento do BID, para contornar essa estimativa de menor crescimento é preciso diminuir a má alocação de recursos. Os cálculos apontam que, se as reformas reduzissem o atual nível médio de má alocação de recursos dos países da região da América Latina e Caribe para o mesmo nível observado nos EUA, poderia haver, ao longo de dez anos, um crescimento adicional de 1% ao ano, no mínimo.

Travas

O comunicado reconhece que os países da região têm dificuldades discrepantes em relação às travas estruturais ao crescimento e, portanto, cada um deve focar em diferentes áreas de reforma. Porém, tomando a região como um todo, as reformas no comércio e nas finanças avançaram de maneira adequada, segundo o banco, mas outros setores estão atrasados. "Ainda há muito trabalho para melhorar os níveis de educação, a concorrência dos mercados, os sistemas tributários, a poupança, o investimento interno e o funcionamento dos mercados de trabalho".

As reformas do mercado de trabalho, segundo o informe, têm potencial para fomentar o crescimento na região graças ao impacto na produtividade e na alocação de recursos. E diz ainda que, nos países em que a taxa de informalidade é alta, reduzi-la pode ser um dos objetivos principais da reforma, "dado que uma redução da informalidade pode aumentar significativamente a produção e o crescimento a longo prazo".

O comunicado afirma também que o investimento privado é essencial para aumentar o investimento doméstico e garantir taxas de investimento mais altas ao longo do tempo. "Os responsáveis pelas políticas deveriam ter um novo olhar sobre as reformas dos sistemas de pensão, a estrutura dos regimes tributários e as políticas sociais, levando em conta seu impacto nos incentivos para o investimento privado."

Outra preocupação é com a qualidade do investimento. Segundo o informe, o fator mais importante no caso dos investimentos em infraestrutura é a seleção dos projetos. "É crucial selecionar os projetos com maior impacto e, portanto, é fundamental que os países criem instituições capazes de realizar um planejamento e uma análise de custo e benefício adequada, assim como um acompanhamento permanente e avaliação dos trabalhos."

A conclusão, para o comunicado, é que, se todos os países da região realizarem um esforço de reformas similar, o crescimento regional passaria de uma alta de 1% ao ano para cerca de 2,3%. "Isso elevaria o crescimento da região de menos de 4% ao ano para até mais de 6% nos próximos anos."

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