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Ajuste na economia avançada afeta emergentes, diz BC

16:52 | 17/03/2013
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, disse neste domingo que o cenário pós-crise continuará impondo um crescimento mais lento por um período prolongado para as economias avançadas, onde estão sendo feitos ajustes que envolvem juros nulos e injeções de liquidez para estimular o crescimento. Segundo ele, as ferramentas estão começando a funcionar, especialmente nos Estados Unidos, mas para o Brasil e outros países emergentes, há o efeito negativo sobre o câmbio, que vem sendo reparado por instrumentos cambiais. E o ideal, disse, é que seja estabelecido "um novo contrato social" nas economias avançadas.

"Quando olhamos para o quadro global, esperamos o melhor, mas também percebemos que é provável que leve algum tempo para a construção de uma solução sustentável. Cada sociedade vai ter que projetar seu próprio compromisso, seguindo suas próprias premissas culturais e arranjos políticos."

Ao apontar o foco do Brasil no médio e longo prazo, o diretor mencionou como prioridade manter a estabilidade macroeconômica, promover a inclusão social, incentivar produtividade e inovação, promover um crescimento mais equilibrado e buscar oportunidade de cooperação e integração regional e global.

Ao longo de seu discurso, o diretor também abordou a chamada "armadilha do crescimento de renda média", na qual alguns teóricos sugerem que o Brasil tenha caído. Awazu não concorda. Para ele, o esgotamento do modelo de crescimento do consumo "não se aplica a nós, embora tenhamos que ter cuidado, muito cuidado."

Para correr menos riscos, o dirigente citou a necessidade de investir em inovação e infraestrutura e criar externalidades positivas para reduzir custos. Outra questão de primeira ordem é investir em capital humano que acompanhe as inovações tecnológicas e ampliem a competitividade, além de reduzir efetivamente os custos de produção com desonerações e cortes de tarifa de energia, como foi feito recentemente.

Santo Graal

Ao listar desafios globais para alcançar o "Santo Graal" da estabilidade financeira e econômica, Awazu citou o uso equilibrado de política monetária e medidas macroprudenciais, bem como a responsabilidade fiscal e a administração eficiente de pressões cambiais vindas de um cenário de excesso de liquidez e volatilidade. "Nós conseguimos no Brasil (depois de um tempo) lidar com esses episódios, usando um conjunto de instrumentos macroprudenciais. Muitos outros mercados emergentes fizeram praticamente o mesmo, às vezes, adicionando controles de capital. Funcionou muito bem no Brasil. Nós controlamos a instabilidade financeira, estabilizamos a volatilidade da taxa de câmbio, mas não há almoço grátis: nós também tivemos que pagar um preço em termos de percepção dos investidores estrangeiros, de transparência política e previsibilidade e, talvez, em retrospecto, em termos de nossos 'espíritos animais'."

Na avaliação de Awazu, o Brasil e outros países emergentes têm "uma janela de oportunidade" para trabalhar em torno de reformas e da manutenção da estabilidade macroeconômica. "O mundo pós-crise não é fácil", reforçou, ao afirmar que o País aprendeu a lidar com crises e precisa continuar a aprender a lidar com o sucesso. "Temos oportunidades realmente excelentes e bens valiosas, mas não vamos ser complacentes e negligenciar a nossa lição de casa diariamente", completou.

O dirigente falou a investidores em fórum organizado pelo Institute of International Finance (IFF) na capital panamenha, onde acontece desde a última quinta-feira (14) a reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Awazu está na Cidade do Panamá desde quinta-feira e fez outras três participações desse tipo. O Banco Central disponibilizou o conteúdo das apresentações no site: http://migre.me/dICRQ

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