Qual é a nova fase de evolução dos cães? Entenda estudo
Pesquisadores sugerem que cachorros vivem uma "terceira onda de domesticação", marcada por laços afetivos mais fortes com humanos
13:00 | Set. 13, 2025
Até poucas décadas atrás, os cães eram vistos principalmente como animais de trabalho, responsáveis por proteger casas, pastorear gado ou caçar pragas.
Hoje, a companhia e o afeto ocupam lugar central na vida dos tutores, mudando como os animais se comportam e até como são criados.
Essa transformação, apontam os cientistas, está ligada ao aumento da ocitocina, conhecida como o “hormônio do amor”.
Ela é responsável por estimular o vínculo social entre cães e humanos, fazendo com que os pets busquem mais contato com seus donos.
Esse é o tema de pesquisa do estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Linköping, na Suécia.
A terceira onda da domesticação
Conforme os especialistas Brian Hare e Vanessa Woods, autores de diversos estudos sobre comportamento animal, essa mudança representa uma “terceira onda de domesticação”.
A primeira teria ocorrido quando os lobos começaram a viver próximos aos humanos; a segunda, quando os cães se tornaram animais de trabalho; e agora, a terceira, marcada pela vida em lares urbanos e rotinas mais tranquilas.
Segundo os estudiosos, cães de serviço — como os que auxiliam pessoas com deficiência — são exemplos de animais altamente adaptados ao século XXI.
Além de obedientes, eles conseguem manter a calma, demonstrar afeto e até interagir com estranhos sem hostilidade, características cada vez mais valorizadas pelos tutores.
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O experimento com golden retrievers
O estudo analisou 60 cães da raça golden retriever em um experimento simples: cada animal recebeu um pote de comida impossível de abrir. A ideia era observar quanto tempo levariam até desistir e pedir ajuda ao tutor.
Antes da atividade, os cães foram divididos em dois grupos: um recebeu spray nasal com ocitocina e outro, solução neutra.
Amostras de DNA também foram coletadas para identificar variantes genéticas ligadas à sensibilidade ao hormônio.
Os resultados mostraram que cães com uma variante específica do receptor de ocitocina reagiram de forma mais intensa ao hormônio.
Eles pediram ajuda mais rápido aos humanos, reforçando a hipótese de que a evolução genética e a convivência com as pessoas moldaram o comportamento canino.
Consequências para o futuro dos cães
Essa nova fase, no entanto, também traz desafios. Animais muito enérgicos, medrosos ou ansiosos têm mais chances de serem abandonados, já que podem ter dificuldade de se adaptar ao estilo de vida urbano. Por isso, a domesticação contemporânea parece favorecer cães dóceis, calmos e sociais.
O estudo evidencia que os cães de companhia de hoje são muito diferentes dos de algumas décadas atrás. A biologia dos mesmos estaria mudando à medida que os humanos moldam não apenas seu comportamento, mas também sua evolução.