Tremembé, "presídio dos famosos": como é o cenário real da nova série do Prime Video?
Conhecida por receber presos de casos com grande repercussão nacional, penitenciária será retratada em nova série do Prime Video; veja como ela é
15:32 | Ago. 25, 2025
Com data de estreia a ser anunciada, a série “Tremembé” da Prime Video está chamando a atenção pelos materiais promocionais focados nos criminosos famosos que já passaram pelo local.
Localizada a 150 km de São Paulo, a verdadeira “Penitenciária II de Tremembé” é oficialmente Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado e está em processo de mudança do perfil de presos que recebe. A seguir, veja como ela é na vida real:
Tremembé: como é a estrutura da penitenciária?
Construída em 1948, a penitenciária abriga, desde março de 2002, presos especiais e que correm risco de vida em outras unidades prisionais.
No entanto, segundo o escritor Ulisses Campbell para O Globo, a Secretaria de Administração (SAP) de São Paulo decidiu que iria mudar o perfil da instituição. O local adotou, por exemplo, a transferência de presos como Robinho e Thiago Brennand, ambos condenados em casos de estupro, para a Penitenciária de Potim em Aparecida do Norte.
A decisão visa acabar com a fama de “presídio dos famosos”, consolidada por anos graças a presença de presos por casos de grande repercussão nacional e que agora ressurge com a série “Tremembé”, adaptada do livro escrito por Ulisses Campbell.
Segundo o autor, o complexo penitenciário de Tremembé tem quase 7 mil presos na contagem de julho de 2025. Isso equivale à cerca de 13,5% da cidade de Tremembé.
O complexo é dividido em cinco unidades diferentes, três delas masculinas e duas femininas. Cada uma segue um perfil definido pelo Decreto 50.414/2005 que regula o destino dos condenados conforme o tipo de crime, regime e vulnerabilidade.
Os critérios de cada unidade são:
- P1 masculina: Presos de regime fechado que não podem conviver com o restante da população carcerária (ex-policiais, autores de crimes contra crianças e estupradores)
- P2 masculina: Mesmo perfil de segurança da P1, mas com presos escolhidos pela sua notoriedade, como Alexandre Nardoni e Cristian Cravinhos.
- P1 feminina: Presas em regime fechado e semiaberto
- P2 feminina: Presas exclusivamente em regime semiaberto
- Centro de Progressão Penitenciária: Presos em regime semiaberto, que têm o direito de trabalhar ou estudar durante o dia e precisam retornar à unidade para pernoite
Os presos em Tremembé II fazem as refeições diárias em suas celas e têm direito a banho de sol.
A instituição conta com cozinha, igreja, sala de aula, biblioteca, um campo de futebol, horta e as fábricas da Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap). Nelas, são produzidas carteiras e cadeiras escolares, além de fechaduras e pastilhas desinfetantes para vaso sanitário.
Há também acesso a cursos de teatro e oficinas, como leitura e origami, e a biblioteca do local é equipada com mais de sete mil títulos.
Tremembé: quem está ou já esteve no presídio?
Embora seja abrigo de condenados conhecidos, em 2019 houve o caso de uma suspensão de transferência notória. Na época, o atual presidente Lula teve sua transferência autorizada pela Justiça Federal para um presídio em São Paulo, que poderia incluir o complexo de Tremembé.
No entanto, o Supremo Tribunal Federal acolheu o pedido da defesa e suspendeu a decisão, garantindo a Lula o direito de permanecer na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Entre os presos notórios que estão ou já passaram pelo complexo penitenciário figuram:
- Alexandre Nardoni: Condenado em 2010 a 30 anos pela morte da filha Isabella Nardoni, cumpriu pena na P2.
- Anna Carolina Jatobá: Condenada com Nardoni, ficou 15 anos presa no complexo e deixou a prisão há um ano, estando atualmente em regime aberto.
- Suzane von Richthofen: Condenada pelo assassinato dos pais, ficou cerca de 20 anos presa em Tremembé (P1 feminina) e deixou a cadeia em janeiro de 2023, estando em regime aberto.
- Cristian Cravinhos: Condenado a 38 anos por participar da morte do casal Richthofen, cumpriu pena na P2.
- Elize Matsunaga: Condenada a 16 anos pelo assassinato do marido, Marcos Yoki, está em liberdade condicional há dois anos, tendo passado pela P1 feminina.
- Lindemberg Alves: Condenado a 39 anos em 2013 por manter em cárcere privado e matar a ex-namorada Eloá Pimentel.
- Gil Rugai: Condenado em 2013 a mais de 33 anos pela morte do pai e da madrasta.
- Mizael Bispo: Condenado a 20 anos por matar a ex-namorada Mércia Nakashima.
- Roger Abdelmassih: Médico preso por estuprar pacientes, foi condenado a mais de 100 anos.