Imperador D. Pedro II fez a primeira "selfie" da história? Entenda
É verdade que o Imperador D. Pedro II fez a primeira selfie da história? No Dia Mundial da Fotografia, O POVO revela curiosidades sobre essa arte; confira
Você provavelmente já ouvir falar no termo "Selfie", a palavra em inglês é uma redução do termo "self-portrait", ou autorretrato em português. Seja feita com câmeras fotográficas ou celulares, as selfies são uma das formas mais comuns de se fazer fotografia no mundo atualmente.
Relatório da Eksposure Empresa online especializada em serviços de fotografia e design , publicado em 2023, estima que cerca de 93 milhões de selfies são feitas por dia no mundo todo. A pesquisa indica de mais de 3,8 milhões de selfies são feitas a cada hora.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
A verdade é que seja para guardar como registro próprio ou para dar aquele "close" nas redes sociais, dificilmente as selfies sairão de moda. Mas qual teria sido "a primeira selfie" da história?
Por anos perpetuou-se a crença de que D. Pedro II teria feito a primeira selfie ou autorretrato da história. A imagem se trata do monarca posando no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em meados dos anos de 1855 e 1861. Mas será mesmo que o imperador brasileiro foi o pioneiro no assunto?
D. Pedro II e a primeira "selfie": análises de caligrafia ajudam a entender a história
No século 19, a fotografia iniciou sua expansão pelo mundo, mas seguia sendo algo de difícil acesso e com alto custo. Assim, a premissa de que o Imperador D. Pedro II teria feito "a primeira selfie" da história sempre foi algo envolto em uma série de questionamento.
De acordo com relatos da época, para tal feito, Pedro II teria amarrado uma corda a um daguerrótipo O daguerreótipo, inventado por Louis Daguerre em 1839, foi o primeiro processo fotográfico viável. Ele criava imagens detalhadas em placas de cobre revestidas com prata, reveladas com vapor de mercúrio. Embora as imagens fossem únicas e não pudessem ser reproduzidas, o daguerreótipo se tornou popular nos anos 1840 e 1850, especialmente para retratos. Ele é considerado o precursor das câmeras fotográficas modernas.
, se posicionado em frente à câmera e acionado o dispositivo puxando a corda e fazendo com que uma fotografia fosse feita no momento.
Porém, o historiador e escritor Pedro Corrêa do Lago contou em entrevista ao portal Terra que teve acesso à fotografia original, preservada pelo Museu Imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Assim, Lago pôde identificar que no verso do registro que alguém havia escrito manualmente os dizeres "Photographia feita por mim em São Christóvão". A autoria da escrita, assim como a da foto em si foi, por anos, atribuída ao segundo imperador do Brasil.
Porém, após análises de caligrafia, identificou-se que, na verdade, a letra manuscrita pertencia à filha mais velha de D. Pedro II, a princesa Isabel, sendo ela a autora da histórica fotografia do monarca e descartando assim a versão popular de que o imperador teria tirado uma "selfie".
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Dia mundial da fotografia: primeiras fotos da história levavam minutos para serem feitas
A primeira fotografia da história foi feita pelo inventor francês Nicéphore Niépce, em 1826. Na ocasião, Niépce expôs ao sol uma placa de estanho numa câmara por cerca de oito horas seguidas, em um processo chamado de " heliografia Termo de origem grega que significa "gravar com o sol". ".
Treze anos depois, em 1839, o também francês Louis Daguerre fez o primeiro registro fotográfico de humanos. Na imagem, Daguerre fotografou o Boulevard du Temple, rua parisiense onde algumas pessoas caminhavam. A imagem foi mostrada à sociedade no dia 19 de agosto daquele ano. A data ficou marcada como o "Dia Mundial da Fotografia".
Para o feito, Louis expôs uma câmara escura, chamada de "daguerrótipo", com uma placa de cobre por 5 minutos ao sol para poder captar a imagem, em um processo semelhante ao de Niépce.
Devido ao longuíssimo tempo de exposição, apenas a sombra do movimento de um homem engraxando o sapato do outro lado da rua aparece no registro.

No ano seguinte ao feito de Daguerre, os primeiros equipamentos fotográficos chegam ao Brasil. A primeira fotografia feita em solo brasileiro foi feita pelo religioso militar Louis Comte, que capturou o Paço Imperial no Rio de Janeiro.
Antes restrita aos nobres, devido aos altos custos de aquisição e manutenção dos equipamentos, a fotografia se popularizou e profissionalizou com o avançar dos anos.