Vida de Papai Noel: quando a chegada é de moto e não pela chaminé

Dentre os cenários em que Papai Noel sai do Polo Norte e desce por uma chaminé. No especial do O POVO, conheça a vida de um bom velhinho motociclista

Em 9 de junho de 1870, Charles Dickens faleceu aos 58 anos. No mesmo dia, enquanto a rainha lamentava a grande perda, alguém ouvia de uma garotinha que vendia frutas em Drury Lane: “Dickens morreu? Então quer dizer que o Papai Noel morreu também?”.

Naquele momento da história, com as diferentes culturas e tradições surgindo e se mesclando, tinham-se outros significados para a comemoração natalina, desde as suas raízes pagãs até as passagens pela tradição cristã. Até que, em dezembro de 1843, o renomado Charles D. escreveu “Um conto de Natal (A Christmas Carol)”.

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Apesar de ele não ser inventor do Papai Noel de fato, sua narrativa mudou profundamente a relação ocidental com a data e agregou ainda mais elementos para o imaginário social contemporâneo.

O fervoroso escritor inglês percebeu em sua poética como, em temporadas natalinas, é necessária uma mudança de atitude que revisa os valores do amor, da bondade, da solidariedade, da generosidade, do perdão e da verdade, anulando o egoísmo, a avareza, a crueldade, o rancor e a mentira. É um espírito cristão, de amor ao próximo, que percorre intrinsecamente as suas narrativas.

Por que uma figura não mítica, mas, ao mesmo tempo, tão simbólica para o Natal continua viva para as crianças e para os adultos que repassam seus valores? Nesta nova série especial, O POVO conta a história de quatro Papais Noeis. Abaixo, conheça Mauro Beline. 

Vida de Papai Noel: conheça Mauro Beline, o bom velhinho motociclista

Mauro Beline, 57 anos, conhecido em seu cotidiano como Noel, perpassa os sentimentos e valores humanos que se afloram em todos os Natais. Ainda criança, Beline percebeu as dificuldades da vida e, a partir disso, notou como o espírito natalino está sempre ao redor.

Aos 9 anos, os médicos lhe deram apenas mais dois anos de vida. Hoje, sendo o Papai Noel para centenas de crianças, jamais poderia duvidar do espírito de Deus: “Como eu posso duvidar do espírito natalino?”, questiona.

Mais tarde, e com muita saúde, saiu de Santarém (PA) e atravessou estradas, cruzando continentes e fronteiras. Sem grandes ornamentos natalinos e sem um devido trenó para viajar, o homem ainda bem novo despertou em si o espírito aventureiro, bondoso e corajoso de um Papai Noel.

Aos 18 anos, quando saiu de casa, destinou-se a Porto Velho. Seu percurso pelas estradas lhe traçou destinos diferentes e situações especiais. “Fui de Santarém para Porto Velho, depois para Boa Vista, Goiânia, Venezuela, Bolívia. Já viajei inclusive por todo o Ceará, fazendo entregas de uma marca famosa de cosméticos”, afirma Beline.

Vida de Papai Noel: casado há mais de 40 anos

Beline chegou a Fortaleza em 1983. Saudosista em relação à cidade nos anos 1980, ele afirma sentir falta das paisagens mais naturais que deram lugar a prédios e a comércios.

Foi aqui na cidade bela, calorosa e praiana que ele conheceu sua Mamãe Noel, com quem é casado há mais de 40 anos.

“Tem pessoas que me perguntam ‘Como vocês ficaram juntos por 40 e poucos anos?’ e eu respondo que tudo é uma questão de respeito. Respeito um pelo outro” afirma ele enquanto conclui que ambos estão caminhando juntos para os 60 anos de idade.

Vida de Papai Noel: Benevolência no dia-a-dia

Foi assumindo os cabelos e as barbas brancas que Beline assumiu também sua personalidade benevolente: “Eu sou esse Papai Noel, eu sou amigo das pessoas no dia a dia do mesmo jeito que converso com você aqui”, afirma sobre sua “transformação” enquanto tirava alguns minutos para falar com O POVO em meio a um dos shoppings de Fortaleza, localizado na avenida Bezerra de Menezes.

Ele não vive em função da profissão de Papai Noel, mas incorpora em si os valores e a bondade do símbolo natalino. “Existem muitos Noéis que são profissionais, que apenas se vestem na época do Natal para trabalhar nos shoppings. Eu não. Eu sou o dia a dia. Então, não existe diferença. Eu sou eu. O Noel. Fora daqui, sou conhecido como o Noel da Estrada”, afirma.

Os valores do bom velhinho, argumenta, são também a forma como o próprio homem experimenta e norteia sua vida:

"Brinco, faço graça, mas não é palhaçada. Eu preciso chegar à idade da criança conversando com ela. Por isso, não é hobby, não é profissão. Trabalho só no último mês do ano? E o resto do ano?"

Mauro Beline, 57, Papai Noel

Ele reitera como sua vivência na rotina tem uma base muito forte no que seria o “espírito natalino” durante todo o ano: “Eu sou o Noel da vida”, afirma.

Vida de Papai Noel: paixão sobre sobre duas rodas

Um fã de motociclismo, Beline participa de longas viagens com seus amigos e também com sua Mamãe Noel, Adeilde Oliveira. Enquanto praticava seu hobby nas estradas do interior do Ceará, a ideia de personalizar o colete veio das amizades; afinal, ele não é conhecido como Beline, mas como Noel.

“Tem gente que ama moto e tem gente que ama andar de moto. Eu amo andar de moto e ser Papai Noel. No meu colete tem ‘Noel na estrada’, porque ninguém me conhece como Beline”, conclui.

Árvore de Natal: quando pode montar? ENTENDA a tradição

Enquanto se espera pelo Papai Noel descer a chaminé, como nos filmes natalinos do norte global, ele pode chegar de moto pela estrada e conquistar o coração das crianças com um simples olhar cativo e uma conversa sincera.

Vida de Papai Noel: O POVO publica série especial

Para traçar a particularidade daqueles que mantêm viva e latente a tradição natalina, O POVO conta quatro histórias de Papai Noel neste dezembro.

Diferentemente do bom velhinho que chega pela chaminé, ou que sai do Polo Norte de trenó em direção aos desejos das crianças, em Vida de Papai Noel será possível conhecer narrativas nunca compartilhadas antes.

Acompanhe o especial publicado todas as segundas-feiras. As próximas histórias serão contadas nos dias 4, 11 e 18 de dezembro. 

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