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Adeus, ano velho; olá, ano novo: entenda por que o tempo anda sempre para frente e não para trás

A explicação envolve calor, desordem e até Revolução Industrial. Além de uma xícara de chá, para ajudar a entender melhor

Há percepções consideradas quase intuitivas no entendimento humano do mundo. Sabemos, por exemplo, que uma xícara quebrada não irá se recompor. Bem como acompanhamos e aceitamos que o curso do tempo avança inexoravelmente para frente. Voltar no tempo é, até agora, proposta da ficção, ainda que, vez por outra, aventada com seriedade pela ciência. Há uma razão para o tempo só seguir em frente e a xícara citada há pouco nos ajuda a entender. As informações são da BBC Ideas.

Primeiro, é importante destacar que o tempo é uma dimensão da física, tal como o comprimento, a altura e a largura. Nestas três dimensões, é possível transitar, na prática e nas equações, em qualquer direção (o que cresce, pode diminuir, o que se expande pode ser reduzido, por exemplo), característica não compartilhada pela dimensão tempo.

A discrepância foi mistério para os cientistas durante um longo período, até a Revolução Industrial. Com o advento dos motores a vapor e a busca por torná-los mais eficientes, foi desenvolvido um novo campo de estudo para analisar todo aquele calor e energia - a termodinâmica.

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O comportamento do calor

A segunda lei da termodinâmica expressa, de forma concisa, que um sistema isolado ou permanece fechado - inalterado - ou evolui para um estado mais caótico, nunca um estado mais ordenado. Uma xícara, inteira, está em ordem, mas, ao quebrar, fica bagunçada, desordenada. Na física, a palavra para essa desordem é entropia.

O estilhaçamento da xícara é um aumento da entropia, que sucedeu ao estado anterior de sistema fechado, estável. A expectativa de que ela se recomponha significaria, portanto, uma queda na entropia, o que contraria a equação matemática utilizada para calcular o estado e, por consequência, a segunda lei da termodinâmica.

O caso da xícara é um exemplo de como as coisas funcionam no Universo como um todo: sempre adiante. A entropia vem crescendo desde a origem do Universo. A própria teoria do Big Bang aponta um fenômeno entrópico. O espaço-tempo como o conhecemos é, também, uma consequência deste evento, que “deu a largada” para o início do tempo e das outras dimensões até então desconhecidas: altura, largura e comprimento.

Portanto, considerar, que o tempo daria marcha ré seria apontar que a ordem com que o Universo segue (para frente), ou seja, a entropia, possa ser reduzida, o que iria contrariar a termodinâmica: evoluir para um estado mais caótico, nunca um estado mais ordenado.

O tempo vai acabar?

Sim, nosso tempo vai acabar. E não apenas nosso tempo enquanto expectativa de vida, mas o tempo enquanto dimensão, bem como o Universo. E o fim dos tempos também se explica, cientificamente, pela entropia.

Como a entropia está sempre numa crescente, em algum momento, no futuro longínquo e distante, o Universo vai chegar a um estado de desordem total, de entropia máxima. Tal situação é chamada “morte térmica”.

Ao contrário do que se pode imaginar, não se trata de um calor ardente e aniquilador. Segundo esta previsão da física, quando tudo alcançar a entropia máxima, as diferenças térmicas desaparecerão e tudo terá a mesma temperatura, o que tornaria inviável a vida. A matéria orgânica iria se decompor e as estrelas apagariam.

Este fenômeno é apelidado de Big Freeze, o Grande Congelamento. Assim deve acabar nosso Universo, em um futuro remoto, bilhões e bilhões de anos a frente do nosso tempo, quando já não estaremos aqui.

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