150 milhões de anos depois, autópsia revela morte de bebês pterossauros
A descoberta de pesquisadores da Universidade de Leicester, a partir de dois fósseis com as asas quebradas, foi publicada em periódico científico
Um estudo publicado no periódico Current Biology na última sexta-feira, 5, identifica a causa da morte de dois filhotes de pterossauro, 150 milhões de anos após o ocorrido. Ambos foram abatidos por uma forte tempestade, que também propiciou as condições ideais para a preservação dos fósseis.
A descoberta foi compartilhada por paleontólogos da Universidade de Leicester, no Reino Unido, a partir de uma autópsia dos vestígios encontrados no Calcário Solnhofen, no sul da Alemanha. Esse depósito lagunar é conhecido por seus fósseis preservados, incluindo espécimes de pterossauros.
“Os pterossauros tinham esqueletos incrivelmente leves. Ossos ocos e de paredes finas são ideais para o voo, mas péssimos para a fossilização. As chances de preservar um já são mínimas, e encontrar um fóssil que informe como o animal morreu é ainda mais raro”, ressalta o autor principal do estudo, Rab Smyth.
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Os dois fósseis encontrados, intitulados de Lucky e Lucky II (“sortudo”, em tradução livre do inglês), possuem envergadura inferior a 20 cm, entre os menores pterossauros conhecidos. Os esqueletos estavam completos, articulados e praticamente inalterados desde a morte.
Os pesquisadores identificaram que a asa esquerda de Lucky e a asa direita de Lucky II foram quebradas de forma a sugerir uma “poderosa força de torção”, possivelmente relacionada às fortes rajadas de vento, e não uma colisão com a superfície dura.
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Segundo a publicação, os pterossauros mergulharam na superfície da lagoa e se afogaram nas ondas da tempestade, soterrados por lama calcária fina após afundarem. O rápido processo de soterramento permitiu a preservação observada nos fósseis.
Além da dupla de fósseis, outros pterossauros pequenos e jovens foram encontrados em Solnhofen, preservados da mesma forma, embora sem evidências concretas de um trauma esquelético.
“Durante séculos, os cientistas acreditaram que os ecossistemas da lagoa Solnhofen eram dominados por pequenos pterossauros”, afirma Smyth. “Mas agora sabemos que essa visão é profundamente tendenciosa. Muitos desses pterossauros não eram nativos da lagoa.”
A descoberta ainda aponta que indivíduos maiores e mais fortes conseguiram resistir às tempestades. Ao morrerem, “provavelmente flutuaram por dias ou semanas nas superfícies agora calmas da lagoa de Solnhofen, ocasionalmente deixando cair partes de suas carcaças no abismo enquanto se decompunham lentamente”.
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