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Moradores de Salitre sofrem com a seca

09:41 | Jun. 15, 2015
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Tipo Notícia
O município de Salitre, na região Cariri-Oeste do Estado, há muito tempo vem sofrendo com a necessidade de água. A crise no sistema de abastecimento d' água no município está afetando os seus 17 mil habitantes. Nessa época em que os reservatórios da região estão comprometidos por causa da seca, o problema em Salitre se intensificou. Os moradores estão comprando água vinda do Estado do Pernambuco. Salitre faz limites com municípios dos Estados do Pernambuco e Piauí.

O empresário e ex-prefeito Agenor Manoel Ribeiro disse que a situação a cada ano está se agravando. ''Há muito tempo estamos lutando junto aos Governos Estadual e Federal, para conseguirmos a solução deste secular problema .No ano de 2013 estivemos em Brasília, onde conseguimos recurso de R$ 4 milhões com a Presidente da República para a perfuração de um poço profundo na Serra do Desapregado no município de Araripe, e assim garantir o abastecimento de água na cidade que desde sempre sua população precisou comprar água para abastecer cisternas e caixas d'água.''

De acordo com Agenor, o maior empecilho está sendo a compra de uma bomba para captar a água do poço e assim distribuí-la para a comunidade, pelo Governo do Estado. O poço, tem uma vazão de mil litros por hora, e uma temperatura altíssima. Por esse motivo, a bomba que havia sido instalada não suportou. E, depois de poucos meses experimentando a satisfação de ter água nas torneiras, os moradores voltaram a sofrer com a falta de água e a alta despesa com a compra de água. ''O problema nos dá a sensação de impotência. Nosso município poderia estar crescendo a passos largos, mas sem água, a maior riqueza de uma comunidade, perdemos investimentos públicos e privados. Além disso, isso coloca salitre numa posição de baixo IDH- Índice de Desenvolvimento Humano. Enquanto o problema não for resolvido, não temos como reverter esse quadro'', relata o ex-gestor. O empresário ainda lembrou a situação dos donos das casas de farinha. O beneficiamento da mandioca para a produção de goma e farinha é a maior base da economia do município, e sem água, a atividade também está comprometida.

O Prefeito do município, Rondilson Ribeiro de Alencar, relatou sua preocupação e insatisfação. ''Precisamos, de um olhar do Governo do Estado para essa situação. Estamos falando da necessidade mais básica do ser humano, que é a água. Água é vida, é saúde, é qualidade de vida! O Governador Camilo Santana precisa se sensibilizar com a situação do nosso povo. Somos quase 18 mil habitantes. O povo tem sede, tem necessidade de abrir uma torneira e ver a água jorrar pras suas necessidades básicas de consumo e higiene. Nossa população não é diferente dos outros municípios das regiões mais carentes do interior. Comprar água por balde é caro! Nem todos tem condições de comprar uma pipa de água!'', disse Rondilson.

O Presidente do legislativo municipal, Alderi Fialho, comentou que a água que a população está comprando vem do Impa, que fica na cidade de Araripina, no Estado do Pernambuco, a uma distância de 60 kms. o vereador explicou que cada tambor de 20 litros de água, está sendo comprado pelo valor de R$ 6,00. O transporte é feito em carroças. os caminhões-pipas vendem a água ao preço de R$ 300,00 a carrada. cada lata de água é comercializada por R$ 2,50. Qual o pobre que aguenta isso?'', desabafou Alderi.

''Quando, a população vem calcular o quanto gasta mensalmente com o consumo da água, verifica-se que o custo é várias vezes superior ao que se pagaria à Cagece, se o município tivesse um reservatório para esse fim. Até o dinheiro dos benefícios do Governo, como o Bolsa família, é aplicado na compra de água'', explicou a senhora Maria de Jesus Nogueira, moradora.

É grave porém a situação dos órgãos públicos salitrenses. ''O município gasta mensalmente R$ 50 mil comprando água para abastecer o hospital, secretarias municipais, postos de saúde, escolas e sede da prefeitura Municipal'', explicou o Prefeito Rondilson. Para o gestor, o ideal seria que a Cagece assumisse a responsabilidade e colocasse a bomba, passando a assumir o controle do abastecimento de água no município. E complementou: ''Estamos em um período emergencial. O município já decretou estado de calamidade, e teve o seu estado de calamidade reconhecido pelo Governo do Estado. Na realidade, a cidade está em colapso. O Governo se posiciona, alegando que precisa haver um processo de licitação. Salitre não tem açude e nem pode contar com o poço profundo. Mesmo tendo 15 carros pipas distribuindo água no município para as necessidades de limpeza, lavagem de roupas e banho, não é suficiente, pois a demanda é grande. Algumas áreas rurais a situação é também é crítica. O município vai tentar ampliar a frota de carros pipas para ver se ameniza a situação dos moradores da zona
rural!"

O agricultor Pedro Miranda disse que o que tá acontecendo é uma vergonha! ''Onde estão os governantes, que não enxergam a situação do povo de Salitre? Quem tem sede, tem pressa! O povo tá sofrendo! A prefeitura tá fazendo o que pode, mas tem coisas que não depende só do município!''

A comerciante Maria do Rosário está preocupada. ''Estamos em meio a uma seca, e a previsão para 2016 é também de seca. Não podemos pedir socorro ao município vizinho de Campos Sales, porque lá também a população está prestes a ficar na mesma condição de Salitre.

Sobre isso, o empresário Agenor Ribeiro explicou que o reservatório de água que abastece a cidade, o Açude Poço da Pedra, tá secando. á foi feito um estudo, e se não chover fortemente na região, a água que tem só só dura até agosto. Embora a água daquele açude seja imprópria para o consumo humano, a água serve para outros fins. isso também atinge salitre, porque é do açude de Campos Sales que a população de salitre se beneficiava com água para banho e outras atividades. ''Então, a situação é grave nos dois municípios. Há, entre 14 e 15 sistemas simplificados de abastecimento de água em Salitre, que depende desta adutora. Os poucos poços que foram perfurados no município, não são de boa qualidade para o consumo humano. Precisamos de ajuda imediata! O Ministério Público está movendo uma Ação Civil contra o Governo do Estado, no sentido de tentar solucionar essa angustiante situação com a maior brevidade'', relatou.

O produtor de Mandioca em Salitre, Elias Antonio Albuquerque, externa que a falta de água está atingindo a produção da farinha de mandioca, além de estar gerando inúmeros desempregos porque as várias casas de Farinha que há no município, já tiveram que fechar. Muitas pessoas que perderam sua renda mensal, estão tendo que abandonar a cidade, em busca de sobreviver fora daqui. Com a crise, gerada pela falta de água, a farinha está perdendo a qualidade e o seu preço. Apesar, de termos uma resistência maior pelo fato do município, ter áreas propicias para o plantio de Mandioca, estamos vendendo a Farinha para os Estados do Rio Grande do Norte, mesmo a um custo insignificante, para não ficarmos totalmente no prejuízo.''

Amaury Alencar, especial para O POVO

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