Chacina em Monsenhor Tabosa aconteceu em meio a guerra entre facções

Vítimas teriam sido mortas por uma mera ligação com um alvo inimigo dos executores, que pertenceriam à facção Guardiões do Estado

A chacina que deixou quatro mortos em Monsenhor Tabosa (Sertão dos Crateús), na terça-feira, 24, aconteceu no contexto de uma “guerra” entre facções pela qual passa o Município. O auto de prisão em flagrante (APF) dos quatro suspeitos de praticar a chacina mostra que eles estavam na cidade há pouco tempo e haviam ido até lá para reforçar a facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) no confronto contra os inimigos do Comando Vermelho (CV).

São quatro os suspeitos presos pela chacina: Francisco Romário Lima Pereira, de 26 anos; Edson Bezerra Pereira, de 21 anos; Pedro Juscelino da Silva Rodrigues, de 21 anos; e Vitor Hugo Alves da Silva, de 21 anos. Todos eles seriam integrantes da GDE.

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Em depoimento, dois dos suspeitos afirmaram que foram até Monsenhor Tabosa com o objetivo de matar um homem a quem atribuem um duplo homicídio ocorrido em Tamboril, município vizinho a Monsenhor Tabosa, em 3 de maio. Na ação registrada na localidade de Grota Verde, morreram Francisco Douglas Silva Timóteo e João de Sousa Bezerra.

Conforme afirmou Vitor Hugo, o crime foi cometido “na covardia”, pois as vítimas estavam dormindo quando foram mortas. O autor desse duplo homicídio, ele afirmou, havia “rasgado a camisa” da GDE e passado a integrar o CV. Apesar de afirmar que estava nos “matos” pronto para atacar rivais, Vitor Hugo negou participação na chacina.

Os depoimentos dos suspeitos mostram, porém, que havia um outro alvo na ofensiva da GDE. Edson afirmou que todos os quatro presos visavam matar dois homens. "Primeiro momento, fomos na casa de (nome do alvo) e que metemos bala em todos que estavam na casa, pois não sabíamos qual deles seria (nome do alvo), tendo em vista que estavam todos dormindo e enrolados", afirmou Edson à Polícia.

Em seguida, após o crime, disse Edson, eles encontraram o outro alvo, o qual identificou como sendo “Chico da Ana”, e também o executaram. Provavelmente, Chico da Ana seja Francisco das Chagas Pereira dos Santos, 40 anos, uma das vítimas da chacina. Os outros mortos são: Marcelo Lima Santos, de 14 anos; João Francisco Lima Santos, de 12 anos; e Joaquim Nunes da Silva, de 70 anos. Outras três pessoas ficaram feridas: duas meninas de 10 e 11 anos e uma adolescente de 18 anos.

Edson ainda confessou que o grupo matou Jairo Teixeira de Araújo, 40 anos, crime ocorrido na segunda-feira, 23, cerca de 24 antes da chacina. Conforme afirmou, o crime foi motivado por a vítima, supostamente, pertencer ao CV. Francisco Romário também confessou participação nesse crime. Pedro Juscelino, por sua vez, negou participação nos crimes.

Histórico de crimes

Francisco Romário é apontado pela Polícia Civil como o principal mentor da chacina. Conforme afirmou em entrevista coletiva, realizada na tarde desta quarta-feira, 25, o delegado-geral Sérgio Pereira dos Santos, ele é investigado por 15 homicídios. Francisco Romário tinha um mandado de prisão em aberto pelo homicídio de Antônio Ednardo do Nascimento Franco, crime ocorrido em 19 de fevereiro de 2020. Vitor Hugo também teria participado desse homicídio.

Conforme a denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE), o crime aconteceu por ciúmes, já que o irmão de Antônio Ednardo, sobrevivente da ação, teria mantido relacionamento com a ex-companheira de Vitor Hugo. O assassinato teria ocorrido durante uma emboscada, já que a dupla estava, com mais três pessoas não identificadas, atrás de um barranco de areia à espera das vítimas, que trafegavam em motos.

 

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