Mulher de 61 anos é resgatada após 37 anos em situação análoga à escravidão no Crato

Ela não tinha contato com a família, não recebia salário, férias e não possuía carteira assinada. Após o resgate, feito no dia 15 de julho passado, a vítima foi acolhida e, posteriormente, foi buscada por familiares

16:40 | Ago. 11, 2025

Por: Mirla Nobre
Mulher foi resgatada após viver por 37 anos em condições análogas à escravidão (foto: Divulgação/SRT/CE)

Uma idosa de 61 anos foi resgatada no município do Crato, na região do Cariri cearense, após viver por 37 anos em condições análogas à escravidão. O resgate aconteceu no dia 15 de julho deste ano. A ação contou com apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT) e com a Polícia Federal (PF).

Em entrevista à rádio CBN Cariri, nesta segunda-feira, 11, o auditor fiscal e chefe da fiscalização do trabalho no Ceará, Luís Freitas, disse que a mulher não tinha contato com a família, não recebia salário, férias e não possuía carteira assinada.

Leia Mais | Mulher de 63 anos é encontrada morta e amordaçada após roubo a imóvel em Fortaleza

“O grave é não ter descanso nenhum, trabalhar de 5 da manhã a 22 da noite, com um local muito pequeno para descanso. Ou seja, mal dormia, já tinha que acordar. Então, é isso que vai caracterizar porque um dos pontos do trabalho escravo é a jornada exaustiva”, disse o Freitas.

Conforme o auditor fiscal, a situação de trabalho análogo à escravidão foi detectada por meio do serviço de inteligência do MPT. Após o resgate da vítima, ela foi acolhida por meio de uma entidade do Governo do Estado no Crato e, posteriormente, foi buscada por familiares.

Atualmente, a mulher recebe o seguro-desemprego especial, destinado a pessoas resgatadas de trabalho escravo. A família empregadora foi notificada a pagar os direitos trabalhistas acumulados ao longo das décadas, mas alegou não ter condições financeiras.

Luís Freitas afirmou que o MPT deve ingressar com ação judicial para cobrança, e os responsáveis também responderão criminalmente.

“Foi cobrado dela, foi notificado para que ela pagasse os direitos trabalhistas dessa pessoa. Não houve o pagamento, consequentemente vai haver uma ação na justiça”, disse.

As denúncias sobre casos de trabalho análogo à escravidão podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê, além do Disque 100.