Famílias denunciam destruição de túmulos e cadáveres em cemitério de Coreaú
Durante invasão ao cemitério, jazigos e cadáveres foram violados e destruídos
Túmulos e cadáveres foram violados e destruídos na madrugada de quinta-feira, 11, na cidade de Coreaú, a 282,35 km de Fortaleza. Durante a invasão, jazigos foram quebrados e corpos chegaram a ser espalhados pelo cemitério. Ainda não há informações sobre os responsáveis pelo crime.
Os rastros da destruição foram registrados por familiares e amigos das pessoas mortas durante visita ao cemitério Alto do Izaias, popularmente conhecido como Cemitério dos Gomes.
Em imagens enviadas ao O POVO, é possível ouvir uma mulher afirmar que fotos, santos e ossos foram depredados e removidos dos sepulcros.
“Meu Deus, que coisa triste, gente. Eu tô passada. Estão ali os ossos, os ossos no chão. É muito triste”, lamenta a mulher. Ao fundo, um senhor também lastima o ocorrido. “Quebraram e ainda botaram para fora (os ossos)”.
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O vilipêndio a cadáver é crime previsto no artigo 212 do Código Penal (CP), com detenção de um a três anos, e multa. A Lei prevê criminalização de outras condutas praticadas contra mortos:
- Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
- Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
- Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa
Moradores relatam clima de medo
Ao O POVO, uma testemunha, que preferiu não se identificar, informou que um boletim de ocorrência (B.O) foi registrado para denunciar o caso.
“Simplesmente entraram no cemitério, destruíram as covas, quebraram as sepulturas, inclusive o meu avô, as minhas sobrinhas e o meu pai. Abriram as gavetas, quebraram os caixões, os corpos já espalharam os ossos, cabeça foi lançada fora. Não somente com a minha família, mas com todas as outras famílias”, afirma.
A testemunha também afirma que não há outros registros de casos como esse na Cidade. “As pessoas estão assustadas com a forma com que foi tratada. Simplesmente destruíram não só as tumbas, os corpos e as imagens, as fotinhas que ficam lá para os familiares se recordarem da fisionomia dos seus familiares, e simplesmente destruíram tudo. Simplesmente os corpos ficaram jogados”, denuncia.
Segundo a testemunha, a falta de informações sobre os responsáveis pelo crime gera um clima de medo entre os moradores.
“Aqui é uma cidade marcada por conflitos. Não tem conflitos territoriais, mas existe um grupo organizado que, a qualquer tempo, estão disponíveis a fazer a justiça que eles entendem ser justiça”, explica.
“Até o momento, não houve nenhuma manifestação dos órgãos competentes diante da situação. Um segundo ponto que emerge é a responsabilidade civil e sanitária pelo cuidado com os equipamentos. Fica à incerteza, a quem pertence a responsabilidade de cuidado com os mortos?”, questiona.
O POVO procurou a Prefeitura de Coreaú para se manifestar sobre o caso. A matéria será atualizada após o retorno.
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