PMs acusados de matar jovem em Assaré teriam confundido barulho de moto com tiro

PMs acusados de matar jovem em Assaré teriam confundido barulho de moto com tiro

Militares afirmam que Mikael Arrais Vieira, de 16 anos, estava armado com um revólver calibre 32 e que disparou contra os agentes, o que é negado por testemunhas do caso

Dois policiais militares viraram réus, em decisão tornada pública na última quinta-feira, 30, acusados de matar um adolescente de 16 anos em 19 de novembro de 2023 na Zona Rural de Assaré, município do Cariri Cearense. Conforme denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE), o cabo José Ronilson da Silva e o subtenente Ivan José dos Santos disparam contra Mikael Arrais Vieira, que foi atingido nas costas.

Na versão dos PMs, o jovem estava armado e atirou contra a composição, que reagiu e atingiu-o. Testemunhas, porém, afirmam que Mikael estava desarmado e que os policiais teriam confundido barulhos emitidos pela motocicleta em que o adolescente trafegava com disparos.

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De acordo com a denúncia do MPCE, os PMs estavam de serviço, em viaturas, e foram acionados, por volta das 22 horas, para uma ocorrência em que um grupo de 15 a 20 motociclistas, fazia um “racha” e empinava as motos em plena CE-388, altura da localidade de Sítio Munduri.

Ao ser acionado o giroflex da viatura, os motoqueiros se dispersaram e teve início uma perseguição. Em uma bifurcação, um dos veículos policiais parou com o intuito de fazer uma barreira. Nesse momento, os PMs relataram que foi efetuado um disparo e, que por isso, eles desceram da viatura, abrigaram-se e atiraram.

Ivan disse ter efetuado um disparo, enquanto José Ronilson efetuou dois. Os militares também disseram que, posteriormente, se depararam com um homem e com uma motocicleta ao chão da estrada, sendo que havia um revólver calibre 32 ao lado. Duas munições teriam sido deflagradas. Os réus disseram que, neste momento, socorreram Mikael ao Hospital de Altaneira, municípi vizinho a Assaré, onde ele morreu.

Os demais motociclistas do “rolêzinho” apresentaram versão totalmente diferente da dos PMs. Testemunhas disseram que, durante a perseguição policial, Mikael deu três “tiros na chave”, ou seja, um barulho, que ocorre quando a motocicleta está acelerada e o condutor desliga e liga o veículo na chave. Todos os depoentes disseram que Mikael não estava armado e que ele nunca sequer teve arma.

“Ademais, nenhuma das testemunhas civis avistaram o artefato no local do crime, convergindo os depoimentos no sentido de que houve demora na prestação de socorro à vítima, já que se passaram, no mínimo, 45 (quarenta e cinco) minutos para que ela fosse levada ao hospital pelos policiais”, afirmou na denúncia o promotor Bruno Vasconcelos de Oliveira.

Como não foi identificado quem efetuou o disparo que atingiu a vítima, os PMs foram denunciados por tentativa de homicídio, “com base na autoria colateral incerta”, conforme o MPCE. Os militares têm 10 dias para apresentar resposta escrita à denúncia.

Na edição da última quinta do Diário Oficial do Estado (DOE) foi publicada portaria informando a instauração de sindicância disciplinar para apurar o caso por parte da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).

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