Marido de contadora teve encontro com executores horas antes do crime

Leonardo é suspeito de ser o mandante da morte da própria esposa, depois de obter dívida com integrante de facção criminosa

A investigação sobre a morte da contadora Kaianne Bezerra Lima, de 35 anos, teve um novo desfecho com a prisão do companheiro da vitima, o professor de inglês e comerciante Leonardo Nascimento Chaves. Nessa terça-feira, 5, ele foi alvo de um mandado de prisão temporária após levantamentos da Polícia Civil apontarem que Leonardo esteve com os envolvidos no crime horas antes em um shopping da Região Metropolitana de Fortaleza. Ele já estava com a passagem comprada para Portugal e foi preso após sair da casa da sogra. Preso, Leonardo preferiu ficar em silêncio.

Conforme o delegado Gustavo Pernambuco, o crime ocorrido no dia 26 de agosto, em Aquiraz, onde foi morta a contadora, foi tratado como um latrocínio (roubo seguido de morte). Leonardo alegou que aguava as plantas do lado de fora quando criminosos invadiram a residência do casal e anunciaram o assalto. A versão dele, conforme O POVO divulgou anteriormente, era de que os dois homens invadiram a casa e deixaram Leonardo trancado em outro compartimento nos fundos da casa. 

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Depois do crime, as investigações resultaram na prisão de dois suspeitos, sendo um deles um adolescente que é apontado por participação direta na execução. O outro preso é um motorista de aplicativo e empresário que teria participado da articulação e também dado apoio na fuga. De início, os dois apontaram um latrocínio. O motorista estaria endividado e teria procurado casas de forma aleatória. 

Com o avanço nas investigações, os policiais civis perceberam uma série de situações que não se encaixavam. De acordo com o delegado Gustavo,  as lesões sofridas por Leonardo não eram compatíveis com a ocorrência. O fato de os criminosos terem separado as duas vítimas também chamou atenção dos policiais. Durante os trabalhos, o trajeto feito por Leonardo no dia do crime foi rastreado.

Documentos dos autos obtidos pelo O POVO mostram que, durante o depoimento, como vítima, Leonardo disse que esteve em um supermercado, entre 20h e 21h, para comprar algo para comer e, ao chegar em casa, foi aguar as plantas. Ao checar as câmeras de segurança do shopping, os policiais verificaram que o marido de Kaianne passou 10 minutos no estacionamento conversando com Adriano (preso como articulador do crime) e com o adolescente (apreendido como executor). 

Com as informações sobre o encontro, o adolescente foi confrontado e disse que mentiu no primeiro depoimento. O jovem informou que foi chamado para um roubo em Aquiraz e, posteriormente, foi informado de que seria um crime de morte que era articulado pelo próprio marido da vítima. 

Os dois entraram em contato com Leonardo e combinaram o encontro em Aquiraz. Ao indagar o motivo de Leonardo articular a morte da própria esposa, ele teria dito que estava com uma dívida com um dos "frentes" do Jardim das Oliveiras. Dessa forma Leonardo havia se prontificado a pagar a dívida e disse que a morte da própria esposa renderia aproximadamente R$ 90 mil, que seria parte para as dívidas e outra parte para o pagamento dos envolvidos. 

Saída para aguar as plantas era a deixa para que o crime acontecesse 

Conforme o documento, com base no depoimento do adolescente, Leonardo combinou que sairia para aguar as plantas e que esse seria o momento de ser abordado e colocado dentro de casa. Ele ainda afirmou que a câmera do vizinho não estava funcionando e que existia apenas uma câmera no fim da rua. Essa, ele não sabia que estava funcionando. 

Um dos alertas era para não fazer barulho, pois os vizinhos podiam ouvir.  Leonardo ainda teria separado os pedaços de madeira que seriam usados para acertar a vítima. Além das cordas que eram usadas para amarrá-lo. No depoimento, o suspeito disse que o marido chegou a informar que Kaianne estava operada do nariz. 

Os executores ainda informaram que Leonardo disse que havia levado um chifre da esposa como justificativa para o crime, mas que ambos não acreditaram na história. Leonardo teria pedido que os homens o agredissem para disfarçar o crime. 

A vítima, que pensava se tratar de um roubo, pedia para ter calma e que podiam levar tudo. Porém,  já no começo da ação, o executor pegou o pedaço de pau que Leonardo teria separado e cometeu o crime. 

Com a vítima morta no chão da casa, os depoimentos mostram que eles começaram a juntar os pertences a serem levados da residência. O próprio Leonardo teria ajudado a tirar as televisões dos suportes da parede e colocar dentro do carro da vítima. 

Leonardo foi trancado e os dois executores levaram o veículo até o local em que o carro deles estava estacionado, quando fizeram a troca. Em seguida, fugiram para Fortaleza. 

 

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