Golfistas cearenses celebram vitórias em competição interestadual

Jogo de paciência, de lorde, criado por escoceses durante o século XIII, o golfe ainda é pouco conhecido no Ceará. Apesar da sua falta de popularidade entre os cearenses, a maior competição do esporte de todo o Norte e Nordeste é sediada anualmente no Estado. No último fim de semana, 80 atletas de 14 diferentes equipes estiveram reunidos para disputar a 9ª Copa de Golfe Interclubes, realizada em Aquiraz.

Toda a competição ocorreu no Campo de Golfe do Complexo Aquiraz Riviera, na Região Metropolitana de Fortaleza. Palco de jogos entre profissionais e amadores, o local é o único do Ceará com medidas oficiais de padrão internacional. Por lá, existem 18 buracos distribuídos por 7.322 jardas – o equivalente a 6.695 metros quadrados. O objetivo do jogo consiste em acertar cada buraco com o menor número de tacadas.

Golfista da casa, o cearense Max Reis conseguiu dois troféus: campeão na categoria Gross amador e vice-campeão por equipe. A primeira corresponde ao total de tacadas efetuadas individualmente para acertar todos os 18 buracos do campo. Já a segunda é a soma das tacadas por equipe, que é formada por cinco atletas.

“Sempre que entro no campo quero sentir depois essa sensação de que eu dei o melhor de mim. Isso me incentiva a treinar ainda mais todos os dias”, celebra o jovem, que neste ano tornou-se tricampeão da competição. “O golfe do Ceará está em boas mãos. Estamos cuidando direitinho dele”, sorri, anunciando que já está nos preparativos para outra disputa em Recife, nos próximos meses.

Na Copa Interclubes também são realizadas disputas separadas, como o Near pin e o Longest drive, isto é: a tacada mais próxima do buraco e a tacada mais distante do local de saída, respectivamente. Nesses embates, o Ceará novamente obteve o lugar mais alto do pódio.

Campeã no Longest drive e vice-campeã na disputa feminina, June Paik comemorou seus resultados, destacando a importância da mulher no esporte. “Ainda somos poucas praticando o golfe no Nordeste, por isso é uma satisfação muito grande conseguir esses prêmios”, diz a atleta, que defende a equipe Golf Ville. Há 35 anos no esporte, ela comenta: “São títulos que marcam a minha vida”.

Da mesma escola, Romeu Barbosa foi quem mais conseguiu aproximar a bola do buraco em uma única tacada. Com o troféu do Near pin nas mãos, ele celebra a satisfação de obter tal título, mas principalmente a oportunidade de poder confraternizar com pessoas de diferentes locais do País. “O golfe é um esporte que você convive com quem está jogando por algumas horas. Então traz um certo congraçamento e uma oportunidade especial para conhecer o outro”, descreve.

Uma única partida de golfe é realizada dentro de cinco horas, em média. Apesar de cada jogada ser individual, o campo de jogo pode ser percorrido sob a companhia de outro competidor. Engana-se, porém, quem acredita que o atleta do lado seria o maior oponente em uma partida. “A disputa mesmo acontece com muita paciência e contra o próprio campo”, explica o organizador da Copa de Golfe, Henrique Belém.

Diretor do Ceará na Federação Pernambucana de Golfe (Fepeg), pois o Estado ainda não possui uma federação própria, Henrique informa que este “é um esporte de lordes”. Ele elucida que o jogo é uma disputa de confiança entre os competidores, uma vez que cada um é responsável pela marcação do próprio handicap, que é a planilha utilizada para indicar o aproveitamento em número de tacadas.

“Então é preciso ter muita confiança, mas principalmente um auto policiamento, pois se um jogador marcar que acertou um buraco com uma tacada a menos, por exemplo, ele não vai estar enganando quem está ao seu redor, mas a si mesmo”, destaca.

Golfe no Ceará

O golfe no Ceará nasceu em 2009 com a construção do campo de nove buracos no Aquiraz Riviera. Quatro anos depois, o local foi duplicado para alcançar as medidas oficiais de padrão internacional. “No Nordeste não existia nenhum campo de qualidade para praticar o esporte. Como Fortaleza é um destino turístico, pensamos em desenvolver mais um atrativo para o Estado”, conta o diretor do complexo, Wandocyr Romero.

Além do potencial turístico que a prática pode trazer para o Ceará, Wandocyr acredita que é possível desenvolver o gosto pelo golfe entre os cearenses. “Estamos fazendo de tudo para que esse esporte possa ser praticado por cada vez mais pessoas. É um esporte que requer concentração, preparo físico e pode ser jogado em qualquer idade, fazendo bem tanto para o corpo quanto para a mente”, reflete.

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