Ceará cria cinco novas áreas protegidas na Caatinga

Decretos ampliam em cerca de 80 mil hectares as áreas de conservação na Caatinga cearense, com unidades distribuídas em oito municípios do Estado

18:32 | Dez. 24, 2025

Por: Mariah Salvatore
Ceará amplia áreas de conservação no bioma Caatinga (foto: FERNANDA BARROS)

O Governo do Ceará criou cinco novas unidades de conservação ambiental localizadas integralmente na Caatinga, bioma predominante no Estado.

A medida amplia em aproximadamente 80 mil hectares o território oficialmente protegido, com áreas distribuídas em municípios do Sertão Central, Sertão de Canindé e Serra da Ibiapaba.

Os decretos que instituem as novas unidades foram publicados no Diário Oficial do Estado em 16 de dezembro e elevam de 39 para 44 o número de unidades de conservação estaduais sob gestão da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema).

Proteção ambiental e combate à desertificação

A criação das novas áreas ocorre em regiões consideradas estratégicas para a conservação da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro e diretamente associado ao enfrentamento da desertificação, processo que afeta áreas semiáridas como o interior do Ceará.

Segundo a Sema, a proteção da vegetação nativa contribui para a manutenção dos ecossistemas locais e para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Estudos recentes indicam que a Caatinga tem papel relevante na captura natural de carbono, o que reforça sua importância ambiental em nível nacional.

Consultas públicas e parceria com projeto federal

O processo de criação das unidades foi conduzido com a realização de consultas públicas nos municípios envolvidos. A iniciativa foi coordenada pela Célula de Diversidade Biológica da Sema e integrou as ações do Projeto GEF Terrestre, voltado à conservação, restauração e manejo da biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal.

O projeto conta com parceria da Associação Caatinga, organização não governamental que atua na preservação do bioma no Nordeste.

Entenda os tipos de unidades criadas

As novas áreas incluem diferentes categorias de conservação, que variam conforme o nível de proteção e o uso permitido:

  • APA (Área de Proteção Ambiental): permite o uso sustentável dos recursos naturais, com regras para ocupação do território.
  • ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico): protege áreas pequenas, com características naturais específicas e uso controlado.
  • MONA (Monumento Natural): preserva sítios naturais raros ou de grande valor paisagístico.
  • REVIS (Refúgio de Vida Silvestre): assegura condições para a sobrevivência e reprodução de espécies da fauna e flora.

As cinco novas unidades de conservação

APA Serras de Irauçuba (Irauçuba)

Com 4.966 hectares, a unidade abriga espécies ameaçadas, como o urubu-rei e a jaguatirica, e está localizada em uma área considerada núcleo de desertificação no Ceará, com prioridade para restauração ecológica.

Monumento Natural Furna dos Ossos (Tejuçuoca)

Com 60 hectares, a unidade protege formações naturais raras e áreas de valor cênico. A categoria permite a presença de propriedades privadas, desde que compatíveis com os objetivos de conservação.

ARIE Pontal da Serra da Ibiapaba (Graça, Pacujá e Reriutaba)

A área soma 6.134 hectares e se destaca pela proximidade com outras unidades de conservação, como o Parque Nacional de Ubajara, favorecendo a conectividade ecológica entre territórios protegidos.

REVIS Picos da Caatinga (Canindé e Itatira)

Com 2.181 hectares, o refúgio protege áreas com registro de espécies ameaçadas da fauna, como a maria-do-nordeste e o vira-folha-cearense, em uma região com baixa cobertura de áreas protegidas.

APA Serras da Caatinga (Canindé, Itatira e Santa Quitéria)

A maior das unidades, com 66.387 hectares, abrange diferentes formações vegetais, incluindo Caatinga arbórea, mata seca e mata úmida, com foco na conservação ambiental e no uso sustentável do território.

Expansão da proteção ambiental no Estado

Com a criação das cinco unidades, o Ceará amplia a presença de áreas oficialmente protegidas em regiões de alta relevância ecológica. As novas UCs passam a integrar o sistema estadual de conservação ambiental, sob gestão da Sema. 

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