"O que mais emociona é salvar uma vida", descreve precursor da Ciopaer após 30 anos
As histórias de vida dos profissionais que iniciaram o Grupamento da Polícia Militar e, posteriormente, tornou-se a Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas, se confundem com a trajetória da Ciopaer
11:09 | Out. 20, 2025
Antônio Nirvando Monteiro foi um dos precursores do que hoje chamamos de Ciopaer. Em 1995, o oficial era capitão da Polícia Militar do Ceará (PMCE). O militar e outros 22 iniciaram o Grupamento de Policiamento Aéreo da PMCE, que posteriormente tornou-se a Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer).
O oficial concedeu entrevista ao O POVO ao ser homenageado em uma solenidade em alusão aos 30 anos da Ciopaer. Antônio Nirvando relembra tentativas trazer a aviação de segurança pública ao Ceará nos anos de 1991 e 1992.
As primeiras operações aéreas envolviam o uso de aeronaves alugadas. O oficial descreve que, no sequestro de Dom Aluísio Lorsheider, foi usado um helicóptero alugado.
Em 1995, a extinta Companhia de Energia Elétrica do Ceará (Coelce) cedeu um helicóptero para a PM, e, dessa forma, iniciou a atuação do Grupamento Aéreo, que, inicialmente, era destinado aos militares.
"Temos dados estatísticos anteriores que mostram determinadas áreas de Fortaleza, que mantinham um nível de criminalidade e que depois de usarmos o helicóptero pontualmente, em alguns momentos, tivemos, no mês seguinte, uma queda da criminalidade", explica o coronel que entrou para a reserva em 2014.
O grupamento tornou-se um centro integrado, que integrou o trabalho de policiais militares, policiais civis e bombeiros militares. O coronel Monteiro foi o primeiro diretor do Centro Integrado. A partir dessa mudança, a Ciopaer recebeu três helicópteros.
Ao citar o ingresso na reserva da PMCE, o precursor da Ciopaer demonstra emoção.
"Fiz a minha parte. O que mais me emociona é quando você consegue resgatar uma vida e você vê que essa estrutura foi paga. Você tem uma estrutura grandiosa e se você subutiliza, não produz, se torna um gasto. O investimento é quando você tem retorno, quando salva vidas e protege cidadãos. Quando o povo pode contar com aquilo", descreve.
Cabo e soldado foram enviados à São Paulo para aprender e permaneceram quase 30 anos salvando vidas
Tenente Delerino e tenente Ezio também estavam homenageados e explicaram sobre o trabalho realizado em 1995. "Em 95 fomos designados pela Policia Militar e fizemos curso de operação aérea", disse. Na época Delerino era cabo e Ézio era soldado. Eles foram buscar conhecimento em São Paulo e levaram os estudos ao Ceará, onde compartilhavam com os colegas.
Com a atuação dos agentes de segurança na aviação de segurança pública, em 1995, em meio a dificuldades e falta de equipamentos. O primeiro passo dos policiais foi essencial para que a Ciopaer fosse o que é atualmente, nos 30 anos.
"O que nós passávamos, fazíamos as operações com risco maior, mas com a tecnologia facilitou mais para o tripulante operacional. Os desafios eram a falta de equipamento e tecnologia, mas isso foi uma etapa e foi sendo superado. Os equipamentos vieram, formando novos operadores. Ná época foram seis homens tripulantes e depois os pilotos e treinados com os pilotos da antiga Coelce", diz Ezio ao se referir a extinta Companhia de Energia Elétrica do Ceará (Coelce).
"A gente estranhou, pois sair do chão para os ares era algo que a gente não tinha feito. Mesmo com a pouca sabedoria a gente foi crescendo. Hoje temos máquinas eficientes e ótimas tecnologias", relata.
Para Ézio, uma das maiores emoções na Ciopaer foi uma ocorrência de uma aeronave que caiu no Mar. E ao realizar as buscas, a equipe dele foi a primeira a ser acionada e localizou o piloto para o resgate. A emoção se refere a todas as ocorrências que tivemos sucesso, que ajudaram a gente a crescer", comenta.
Já o tenente Delerino relembra o acidente da empresa Itapemirim, no município do Barro, no Ceará, onde não houve registro de sobreviventes. As equipes da Ciopaer permaneceram três dias resgatando dos corpos. "Tem mais de 15 anos, mas é uma das que mais fica no meu pensamento", relembra.
Evento celebrou 30 anos da Ciopaer
A Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) completou 30 anos de história e homenageou os profissionais que participaram da criação da aviação de segurança pública cearense.
Aos poucos os 22 homenageados chegavam e se abraçavam, relembravam os velhos tempos. Em 1995, os profissionais da segurança iniciaram uma trajetória de dedicação, que resultou hoje em construir o que hoje é a Ciopaer.
A descrição dos homenageados que concederam entrevista ao O POVO era de escassez de equipamentos. Havia uma aeronave, que foi doada com avarias, mas a força de vontade de união dos profissionais os fez viajar para aprender sobre a aviação e criar uma doutrina, que ano a ano foi lapidada. Atualmente a coordenadoria tem a quarta maior frota de aeronaves do Brasil.
Leia mais