Pesquisadoras da UFC desenvolvem óleo cosmético a partir da tilápia
O óleo é extraído das vísceras da tilápia e já possui carta-patente
12:26 | Out. 19, 2025
Um grupo de pesquisadoras da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveu um produto de uso farmacêutico e cosméticos a partir do óleo obtido das vísceras de tilápia.
O óleo possui uma ação hidratante e restauradora da pele e dos cabelos, que utiliza nanotecnologia para ampliar sua eficácia e reduzir reações adversas.
De acordo com a Agência UFC, os testes realizados pelas pesquisadoras comprovaram que o óleo de tilápia desenvolvido, quando utilizado em máscaras capilares, é eficaz para selar cutículas e restaurar o aspecto saudável de cabelos danificados por descoloração química ou uso de secadores.
Além disso, o resultado se mostrou eficaz para a distribuição de bioativos nas camadas internas da pele.
O desenvolvimento do produto foi tema da tese de doutorado de Camila Peixoto, no Programa de Pós-graduação em Química da UFC, sob orientação da professora Nágila Ricardo.
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Como é a extração do óleo da tilápia
De acordo com Camila, o processo de extração do óleo das vísceras da tilápia é semelhante ao já utilizado na indústria para a obtenção de óleo a partir de outras matérias-primas.
"Essa similaridade facilita o escalonamento da produção em larga escala. Além disso, considerando a alta produção de tilápia e o consequente volume de resíduos gerados, há grande potencial para o reaproveitamento desse subproduto de forma eficiente", explica Peixoto.
Em relação ao cheiro, o invento estabelece um novo processo de extração do óleo, o que garante um produto livre do odor, com baixa acidez e com propriedades cosméticas de hidratação e restauração.
Outro feito descoberto por meio da pesquisa, foi que o óleo poderá ser aplicado como um nanocarregador para a indústria farmacêutica.
"Um nanocarregador é uma estrutura muito pequena, criada para transportar substâncias, como medicamentos ou nutrientes, até um local específico do corpo. Ele é feito usando técnicas que reduzem o tamanho das partículas para uma escala nanométrica, como as ondas ultrassônicas", detalha Camila.
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Óleo de tilápia em processo de patente
Quando o processo de pesquisa foi divulgado, em março deste ano pela Agência UFC, o estudo já estava com a concessão da carta-patente e estava no processo de ajustes na formulação e de condução de rigorosos testes toxicológicos.
O POVO entrou em contato com Nágila Ricardo e Camila Peixoto para saber em qual etapa o processo se encontra. Até o fechamento desta matéria, não houve o retorno de ambas. O espaço segue aberto para atualização.
O invento também tem como autoras as pesquisadoras Tamara Gonçalves de Araújo, Bianca Oliveira Louchard, Laysa Nobre Almeida e Antonia Flávia Justino Uchoa.