Hospital e funerária são condenados a indenizar família após troca de corpos
Devido a troca de corpos, as empresas terão que pagar R$ 10 mil a filha da vítima
O Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca do Crato determinou que o Hospital São Camilo e a Funerária Afagu Serviços Ltda indenizem em R$ 10 mil uma moradora da cidade, após a troca de cadáveres que resultou na entrega equivocada de corpos a famílias distintas.
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O episódio ocorreu em agosto de 2024, quando o pai da dona de casa faleceu durante o trajeto para Fortaleza.
Conforme o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o corpo foi levado ao Hospital e Maternidade São Francisco de Assis, mas, por erro administrativo, acabou sendo encaminhado para a funerária Afagu, acionada para recolher outro paciente falecido na mesma data.
O procedimento correto deveria ter sido realizado pela Empresa Vida Ltda., plano funerário contratado pelos familiares.
Corpo foi devolvido ao hospital após a família perceber a troca
A Afagu chegou a realizar o processo de conservação do corpo e enviá-lo para outra família, que notou a troca e devolveu o cadáver ao hospital. O engano comprometeu o velório planejado, gerando ainda mais sofrimento aos parentes, que denunciaram o caso à Justiça.
Durante o processo, a Empresa Vida conseguiu comprovar que não participou do equívoco, ainda segundo o TJCE.
Já o hospital e a funerária trocaram acusações entre si, cada um tentando atribuir responsabilidade ao outro. O juiz Ângelo Bianco Vettorazzi, responsável pela decisão publicada no último dia 5 de agosto, entendeu que ambas as instituições falharam na prestação do serviço.
Não houve comprovação de que os protocolos de identificação dos corpos foram seguidos de forma adequada
O magistrado destacou que as próprias empresas reconheceram a necessidade de implementar novos procedimentos após o caso, o que reforçou a caracterização da falha.
Para o juiz, a troca de cadáveres representa um erro grave, que intensificou a dor dos familiares em um momento de fragilidade, privando-os de uma despedida digna. Além da compensação à vítima, a indenização tem caráter pedagógico, com a finalidade de evitar episódios semelhantes.
O que diz o hospital sobre o caso
Em nota, o Hospital e Maternidade São Francisco de Assis informou que recebeu a decisão judicial e afirmou que cumprirá a determinação. A unidade destacou que o corpo estava devidamente identificado na área reservada aos falecidos, mas admitiu que houve falha da equipe da funerária no momento da conferência das informações.
"Esclarecemos que o corpo estava devidamente identificado com etiqueta na área do Hospital reservada aos falecidos, conforme regem as normativas, porém no ato da retirada pela equipe da empresa funerária houve falha na conferência das informações contidas na etiqueta e na documentação que estava em posse da referida empresa", destacou a nota.
O hospital declarou ainda que reforçou os protocolos de segurança para os cuidados pós-óbito e reiterou solidariedade à família.“Em respeito ao paciente falecido e sua família, o Hospital aumentou a segurança do protocolo sobre os cuidados pós óbito para que situações como essa não aconteçam novamente”, informou a empresa.
O POVO entrou em contato com a Funerária Afagu Serviços Ltda. A matéria será atualizada quando houver retorno.