Ceará é o 4° estado no País onde idosos menos acessam a internet, diz IBGE
Apenas 59% dos cearenses com 60 anos ou mais estiveram online durante o recorte analisado pelo instituto; não saber utilizar a internet é o principal motivo para o não uso da ferramenta entre idosos
Fortemente disseminado entre os jovens, o acesso à internet ainda é um desafio para os idosos no Ceará. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quinta-feira, 24, indicam que apenas 59,3% dos cearenses a partir dos 60 anos frequentam ambientes online, quarto menor índice entre todos os estados do País.
A informação faz parte da Pnad Contínua: Características de Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad TIC) 2024, que analisa a conexão à internet, serviços de streaming, sinal de streaming, rádio e outras ferramentas em todo o Brasil.
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Dentre as 27 unidades da federação analisadas, apenas Maranhão, Paraíba e Piauí tiveram resultados menores que a Terra da Luz, onde respectivamente 58,7%, 58,8% e 59% dos idosos afirmaram ter acessado a internet nos três meses anteriores ao levantamento.
Apesar de ainda baixos em comparação ao cenário nacional, onde a média de idosos conectados se aproxima dos 70%, os dados evidenciam uma sonora evolução nos últimos dez anos.
Em 2016, quando a pesquisa foi iniciada, somente 12,1% desse público acessava a internet, 47 pontos percentuais (p.p) a menos que em 2024. O número também saltou 7,1 p.p em relação à Pnad TIC 2023, quando o índice de idosos online era de 52,2%.
Os principais internautas do Estado são o público entre 14 e 49 anos de idade, dos quais mais de 90% estão conectados à internet, com destaque para a faixa etária de 20 a 24 anos, que tem 97,8% do seu contingente online.
Motivos para menor uso da internet entre idosos vão de dificuldade à indisponibilidade
A pesquisa também listou os sete principais motivos pelos quais os idosos deixam de acessar a internet no País. O principal deles é a falta de conhecimento sobre como utilizar as ferramentas online, apontada por 66% dos idosos que não estiveram online no recorte do estudo.
Esse era o caso de dona Jane Maria, 63, que pouco familiarizada com os recursos, precisava da ajuda da filha até para pedir um carro por aplicativo. A aposentada
conta que chegava a se sentir refém da tecnologia, o que por diversas vezes restringia o uso.
“De repente eu ficava dependente. Precisava de um uber e ligava para a minha filha ‘ei minha filha dá para pedir um uber para eu ir para a igreja?’”, conta a ex-professora.
O receio de Jane com a internet foi solucionado apenas este ano, mais especificamente no último mês de maio, quando ela participou da Jornada da Capacitação Digital, curso que ensina idosos a acessarem a internet de forma simples e segura.
Promovida pela Secretaria dos Direitos Humanos do Estado do Ceará (Sedih) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), a capacitação visou tornar os alunos mais independentes e facilitar atividades do dia a dia, como pagamentos online e uso de redes sociais.
De acordo com a coordenadora de políticas públicas para a pessoa idosa da Sedih, Vyna Leite, uma das maiores preocupações dos participantes era a prevenção contra golpes online, aplicados via aplicativos de mensagem ou falsos sites de órgãos oficiais.
“O maior desejo deles sempre foi mexer em aplicativos. Eu tenho celular, tenho Whatsapp, mas não sei mexer. [...] Então se chega uma mensagem com a foto de uma pessoa da família, ele tem que olhar se a pessoa é realmente da família. Às vezes é só a foto, mas o número é diferente. O que propomos no curso é que eles prestem atenção nessas mínimas coisas”, explica Leite, que também aponta a possibilidade de expansão do curso para outras regiões do Estado.
Em seguida vem a falta de necessidade do uso, resposta dada por 22% do grupo. O levantamento ainda coletou as respostas referentes aos valores dos serviços de internet e equipamentos necessários para o uso, falta de disponibilidade nos locais que os idosos frequentam, falta de tempo e preocupação com privacidade ou segurança.
Se o percentual de idosos online subiu, o número geral de pessoas acima dos 60 anos fora da internet retrocedeu, caindo de 11,5 milhões em 2023 para 10,6 milhões no ano passado.
Atualizada às 15h15min de 25 de julho de 2024