Família acusada de homicídios em Itapajé: dois réus têm redução de penas

Pai, mãe e filho foram condenados por atacarem três jovens no ano 2000, sendo que duas das vítimas morreram e uma ficou tetraplégica aos 22 anos. O julgamento do caso aconteceu 21 anos depois do crime

O caso de um duplo homicídio registrado no dia 28 de julho de 2000, em Itapajé, a 128,6 km de Fortaleza, teve mais um desdobramento. Tiveram redução de penas dois dos réus, integrantes da família de ciganos condenada pela morte de dois rapazes e a tentativa de homicídio contra uma terceira vítima — que ficou tetraplégica. A decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) é do último dia 6 de março, cerca de 24 anos após o crime.

O julgamento do caso ocorreu em 2021, mais de 20 anos após as mortes. A família permaneceu foragida entre os anos 2000 e 2017, quando foi alvo de um cerco policial em Canindé, onde foram cumpridos os mandados de prisão.

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Inicialmente, Francisco Augusto Costa, o "Alfredo Cigano", foi condeando a 27 anos de prisão em regime fechado. O filho dele, Francisco Gleyson Costa, tinha recebido a pena de 28 anos e dois meses de reclusão em regime fechado. 

Com a redução das penas, Gleyson passou a ser condenado a 25 anos, cinco meses e 20 dias de reclusão. Já a pena de Augusto foi fixada em 26 anos e sete meses em regime iniciamente fechado.

A esposa de Francisco e mãe de Gleyson foi absolvida pelo júri em 2021, após ser acatada a tese de que ela apenas estava no local dos fatos. A sentença foi proferida no dia 27 de outubro de 2021.

Conforme o TJCE, os dois condeandos estavam acompanhados do sobrinho Flávio Cigano na época do crime. Este terceiro réu foi condenado no ano de 2017. Flávio foi submetido a sentença de 23 anos e quatro meses de prisão. 

Discussão banal motivou perseguição e mortes

O caso ocorrido em Itapajé teve ampla repercussão no Ceará e em outros estados, principalmente pela motivação: no dia 28 de julho de 2000, houve uma pequena discussão entre Carlos César Barroso Magalhães, que tinha 22 anos na época, e uma mulher, que seria namorada de um dos autores do crime, Francisco Gleyson Costa, o “Gleissinho".

A mulher estava sentada no automóvel de Carlos, que reclamou disso. Gleissinho, da família de ciganos que estava residindo em Itapajé, teve então um desentendimento com Carlos. 

O programa "Linha Direta", da Rede Globo, exibiu a situação em 2018, denunciando que os envolvidos estavam foragidos. Conforme os autos e depoimentos de testemunhas, no dia da discussão Gleissinho usou um automóvel e procurou Carlos durante toda a madrugada, no entanto ele não o encontrou. No dia seguinte, a mãe de Carlos recebeu a visita da mãe de Gleissinho na própria residência. Ela relatou o caso e teria feito ameaças. 

Carlos teria procurado Gleissinho e pedido desculpas. O rapaz teria aceitado a solicitação de trégua, no entanto, o pai dele, Francisco Augusto Costa, o “Alfredo Cigano”, teria afirmado aos moradores que Carlos era um "homem morto". 

Vítimas tinham saído para um bar no dia do crime

De acordo com os autos, no dia do crime Carlos saiu com o colega Maxwell Magalhães Caetano, de 23 anos. Os dois amigos tinham estudado juntos em Fortaleza e, costumeiramente, aproveitavam os festejos do município de Itapajé juntos. Eles foram até um bar, onde também estava um radialista, Itamar Monteiro, e o colega de Itamar, José Wilson Barroso Forte Júnior, na época com 27 anos. 

As testemunhas afirmaram, na época, que Gleissinho chegou ao bar e foi recebido por Carlos, que o cumprimentou, no entanto, Gleissinho teria inciado uma discussão e houve uma luta corporal entre eles. O rapaz foi embora e voltou, em seguida, acompanhado por toda a família, incluindo pai, mãe e cunhado.

Conforme as testemunhas, todos estavam armados. Eles teriam desembarcado do carro e efetuado disparos de arma de fogo, o que resultou na morte de Carlos e de José Wilson, este último que tentava apaziguar a situação. Já Maxwell sobreviveu, mas o rapaz de 23 anos à época ficou tetraplégico e passou a viver sob os cuidados da mãe. 

As testemunhas relataram à Polícia que, na época, a família conhecida como "ciganos de Itapajé" aplicava golpes, com agiotagem e venda de produtos. Esses golpes consistiriam em informar a moradores que a residência deles estava tomada de espíritos e que pessoas da família morreriam. Com medo, as pessoas ofereceriam animais, dinheiro e comida para que os integrantes da família afastassem os espíritos.

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