Cirurgias eletivas no Ceará: abstenção de pacientes chegou a 30% em 2023

Audiência pública apresentou balanço de cirurgias eletivas realizadas no Estado. O debate destacou a necessidade de ações para atender às demandas dos municípios

A taxa de absentismo de pacientes marcados para a realização de cirurgias eletivas no Ceará chegou a 30% em 2023. O dado foi divulgado em uma audiência pública na manhã desta segunda-feira, 11, na sede do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), em Fortaleza. O momento reuniu representantes de órgãos e das Secretarias da Saúde estadual e municipais para discussão sobre o atual cenário da fila de cirurgias eletivas do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a médica Melissa Medeiros, coordenadora de Telessaúde e Fila Cirúrgica da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em alguns casos as unidades contratavam equipes para realizarem os procedimentos, porém, era observada uma alta taxa de abstenção.

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“Uma coisa que a gente tem percebido é a questão do absenteísmo. A gente teve uma dificuldade muito grande em rodar as filas por conta do absenteísmo que rodava em torno de 30% dos pacientes marcados. Muitos hospitais, inclusive no Interior, contratavam equipes profissionais que iam realizar aquelas cirurgias, e a gente tinha um absenteísmo grande”, destacou.

Apesar disso, a profissional apontou que, em 2023, o quantitativo de cirurgias eletivas chegou a 86.912, um aumento comparado ao número no ano anterior, com 73.750 cirurgias eletivas.

Dos 20 hospitais que mais realizaram cirurgias eletivas em 2023, estão:

  • Hospital Haroldo Juaçaba (4.998);
  • Associação Beneficente Médica Pajuçara (4.891);
  • Hospital Estadual Leonardo da Vinci (4.601);
  • Hospital Universitário Walter Cantídio (3.646);
  • Hospital Regional do Sertão Central (3.494).

Fila de cirurgias eletivas no Ceará

Atualmente, dos 68.107 procedimentos da fila congelada em janeiro de 2023, foram qualificados (pacientes que não precisaram mais do procedimento/realizaram cirurgias) e retirados da fila 47.047 pessoas.

Outros 3.482 pacientes estavam em processo de qualificação e 17.578 pessoas esperavam para realizar o procedimento. Além disso, 31.800 novas pessoas entraram na fila em 2023.

“Hoje, a fila é bem menor que a do ano passado. Ela é uma fila que ainda tem erros, mas que está muito mais próxima do real e do que já foi no passado”, analisou Melissa Medeiros.

Segundo a nota técnica divulgada pela Sesa neste ano, a fila segue dois parâmetros: a classificação cronológica — o tempo em que o paciente espera na fila — e o critério SWLAIS, sistema de classificação que atribui critérios de prioridade a partir da gravidade do estado clínico do paciente e o máximo tempo de espera aceitável.

“Não é uma fila única. É uma malha de filas, composta por cada fila de procedimentos. São classificadas por sua categoria cronológica e categoria de SWALIS e direcionadas de acordo com a geolocalização”, explicou a coordenadora.

Menos espera para os pacientes

Além da apresentação do balanço de procedimentos, incluindo apresentação de comparativos entre os números do período de 2018 a 2023, a audiência pública contou com um debate sobre o cenário de realização de cirurgias no Ceará, abordando a transparência, a efetividade e o andamento da fila.

Participaram integrantes do Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/CE), das Defensorias Públicas do Estado (DPCE) e da União (DPU), do Conselho Estadual de Saúde e da Controladoria Geral da União (CGU).

Um dos pontos enfatizados pelos participantes é que as filas não foram feitas para serem zeradas, porém há a necessidade de ações que reduzam o tempo de espera dos pacientes.

Fernando Menescal, superintendente da CGU no Ceará, considerou que o mais importante é compreender a demanda existente e a capacidade operacional de cada cidade.

“Se pensa muito em redução de fila, isso nos traz a sensação de que estamos falando de algo pontual, mas isso não vai acabar. O problema não é reduzir fila, o problema é nós ampliarmos o acesso, de forma de que se consiga atender a uma determinada demanda. Mais relevante do que conhecermos o tamanho de uma fila, é nós conhecermos a demanda que existe pela realização de cirurgia e conhecer a capacidade operacional dos municípios para atender a essa demanda”, disse.

A coordenadora Melissa Medeiros também pontuou que, mesmo com os recursos financeiros recebidos, é necessário levar em conta a capacidade das unidades hospitalares e o número de profissionais.

“A gente precisa entender que o problema não é simplesmente financeiro. Não é simplesmente quanto eu aloco financeiramente, se você não tem capacidade instalada ou profissionais adequados.”

Melissa também apontou a importância de captar e capacitar profissionais para a execução de cirurgias nas áreas onde a demanda é maior.

“O Governo do Ceará deve estar anunciando, nesta semana, um processo em que a gente consiga captar mais profissionais, principalmente em áreas de cirurgias mais difíceis, que é a traumato-ortopedia. A gente tem uma deficiência, o Interior sofre muito com isso. Se a gente tem uma demanda de determinadas cirurgias, a gente precisa preparar mais profissionais para essa área”, afirmou.

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