Violência contra travestis: cinco mortes no Ceará em 2022

Na última segunda, 27, uma travesti foi morta a tiros na Grande Messejana e outra arremessada de um carro em movimento no bairro Álvaro Weyne. Todas as vítimas eram mulheres trans

Subiu para cinco o número de pessoas trans mortas no Ceará. A quinta morte aconteceu na última segunda-feira, 27, quando uma travesti chamada de Cromada foi assassinada a tiros no bairro Coaçu, na Grande Messejana, em Fortaleza. Na mesma noite, outra travesti foi arremessada de um carro em movimento no bairro Álvaro Weyne, também na Capital. Ambos os crimes aconteceram véspera do dia do Orgulho LGBTQIA+, celebrado nesta terça-feira, 28. 

A travesti arremessada de um carro foi socorrida e segue internada. A Polícia Civil informou que três criminosos ocupavam o veículo. A vítima caída ao solo foi socorrida por profissionais do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu), que a encaminharam ao Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro. A travesti estava ainda com a língua cortada e com marcas de tortura. 

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Não há informações sobre prisão ou elucidação de qualquer um dos crimes que vitimou pessoas trans no Ceará neste ano. Em todos os casos, as vítimas eram mulheres trans

No caso de Cromada, ela estava na calçada de um bar onde trabalhava e foi surpreendida por um homem em uma motocicleta. Ela foi atingida por aproximadamente quatro tiros e não resistiu aos ferimentos. Ela morreu no local.

Depois da morte da travesti nessa segunda, 27, supostas mensagens vinculadas a facções criminosas reivindicavam a autoria do crime. Oficialmente não há informações sobre a motivação ou autoria deste caso.

O ator Silvero Pereira repercutiu a morte da amiga e afirmou que há tempos não a via. "Poucas vezes conheci uma pessoa tão boa, tão querida. Cromada foi vítima de um sistema racista, transfóbico, desigual. Certeza que se ela tivesse sido acolhida socialmente jamais teria tomado decisões que a levariam a tamanha trajetória", lamentou nas redes sociais. 

Cinco travestis mortas no Estado em seis meses 

No dia 14 abril, no município de Barreira, no Ceará, a travesti Fernandinha foi decapitada e teve a cabeça deixada no galho de uma árvore. A vítima tinha 28 anos, e o caso era investigado pela delegacia da cidade.

No dia 9 de abril, no Centro de Fortaleza, uma travesti, de nome não informado, foi encontrada morta com sinais de estrangulamento.

No dia 30 de março, uma mulher trans foi morta a tiros na Pacatuba. Ela tinha 31 anos e foi assassinada em via pública. O caso era investigado pela Delegacia da Pacatuba.

No dia 11 de fevereiro, a travesti Sofia Gisely, de 22 anos, foi morta a pedradas na avenida Osório de Paiva, no Grande Bom Jardim. O caso era investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Em abril, O POVO solicitou à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informações sobre elucidações e prisões dos respectivos casos, mas não havia registro de prisões relacionadas aos crimes. Novamente, desta vez em junho, a reportagem pediu, por email, os dados atualizados. 

Em nota atualizada divulgada nesta terça-feira, 28, sobre o caso de Barreira, a Polícia Civil informou que realiza buscas para obter provas técnicas.

No caso do Centro de Fortaleza, as investigações seguem a cargo do Departamento de Homicídios; na Pacatuba, a nota informa que diligências e oitivas estão em andamento, mas que não é possível passar mais informações para que não seja comprometido o trabalho policial.

No caso do Bom Jardim, em Fortaleza, a Polícia Civil informou que o inquérito foi finalizado pelo DHPP e remetido ao poder judiciário. Não há prisões. 

Atualizada às 17h22min

 

 

 

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Segurança Pública crime Ceará violência contra travestis trans mortas Ceará LGBTQIA+

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