Casos de sarampo no Ceará: veja os cuidados para evitar o contágio

O professor adjunto de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFC, Robério Leite, fala sobre medidas necessárias para atenuar possíveis impactos da enfermidade

A Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) divulgou nesta quarta-feira, 13, que seis casos de sarampo estão sendo investigados em cinco municípios cearenses. O problema acende um alerta para que a população tome alguns cuidados quanto à prevenção e controle da doença.

O POVO conversou com um especialista que esclareceu algumas dúvidas em relação à enfermidade e quais precauções é preciso ter neste momento. Fortaleza tem dois casos suspeitos da doença sob investigação, enquanto Marco, Caucaia, Maranguape e Trairi possuem, cada cidade, um caso também sendo analisado.

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O sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal. Sua transmissão ocorre quando a pessoa doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas. A única maneira de se evitar o sarampo é pela vacina.

O professor adjunto de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFC e coordenador do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Cearense de Pediatria, Robério Leite, fala sobre medidas necessárias para atenuar possíveis impactos do sarampo. Segundo ele, devido à maior capacidade de transmissão que se conhece, pela via respiratória, estima-se que uma pessoa com a doença possa transmitir até para outras 18 pessoas.

“Para uma prevenção efetiva é preciso estar vacinado com pelo menos duas doses da vacina, é preciso se antecipar ao vírus do sarampo. Sem isso, não há como prevenir com segurança”, diz Robério.

O professor alerta para a rapidez com a qual o vírus se propaga, com um período de incubação é muito curto, não dando muitas chances de prevenção para quem não esteja protegido pela vacina. "O paciente já está transmitindo a doença antes que surjam as manchas no corpo, quando habitualmente é feita a suspeita e geralmente acontece um isolamento do paciente, em um estágio viral com taxa menor de eficácia dessa medida", afirmou.

 

Crianças até 5 anos sofrem casos mais graves da doença

 

Robério Leite explica sobre os cuidados que os pais devem ter quanto a crianças até 5 anos. O grupo, quando infectado, tende a apresentar casos mais graves de sarampo. Isso ocorre por dois motivos.

“O primeiro, é que o desenvolvimento do nosso sistema imunológico só propicia uma resposta protetora de anticorpos contra o sarampo após um ano de idade, quando habitualmente se indica a primeira dose. No entanto, uma segunda dose ainda é necessária para garantir que a criança estará realmente protegida”, esclarece.

O coordenador do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Cearense de Pediatria relata ainda que diante da situação de descontrole do sarampo no Brasil recomenda-se antecipar a primeira dose, a chamada “dose zero” para a idade acima de 6 meses. Isso porque, mesmo com uma resposta imunológica menos efetiva, boa parte desses bebês estarão mais protegidos ou terão a doença mais branda. Hoje, de acordo com Robério Leite, o ideal é que eles tomem duas doses após completarem um ano de idade para que fiquem realmente protegidos.

“Sendo assim, as crianças menores de 5 anos são as mais suscetíveis, sobretudo os bebês menores de um ano. O segundo motivo dessa situação é que o risco de ter complicações do sarampo (pneumonia, otite, diarreia grave, encefalite, convulsões, cegueira, hospitalizações) é maior nessa faixa etária, pois o sistema imunológico imaturo tem menos capacidade de enfrentar o vírus” disse.

 

Impacto da vacina e o que mudou nos últimos anos

 

Robério Leite avalia o poder da vacina e diz que, apesar de possuir a mesma composição há várias décadas, o imunizante é essencial e tem grande capacidade de proteção, tanto para evitar a doença, como para redução do número de casos graves. A eficácia de proteção é estimada acima de 95%.

“Assim, com uma vacina tão boa como essa, o descontrole do sarampo no Brasil se explica pela negligência na garantia de boas coberturas vacinais. E o cenário piorou muito nos anos mais recentes, lamentavelmente”, opina.

 Robério alerta sobre a atenção que população deve ter com pacientes de qualquer idade com febre, tosse, coriza ou conjuntivite, além das manchas avermelhadas pelo corpo.

“A medida mais importante é que todos estejam com a vacina em dia, tanto crianças como adultos. Outra ação importante é a melhoria da vigilância de casos suspeitos, quando se podem iniciar medidas de bloqueio de contatos por vacinas e, assim, tentar conter uma disseminação maior, ainda que essa seja uma estratégia menos eficaz do que já está vacinado”, conclui Robério.

 

Os principais sintomas do sarampo 

  • febre acompanhada de tosse;
  • irritação nos olhos;
  • nariz escorrendo ou entupido;
  • mal-estar intenso;

Em torno de 3 a 5 dias, podem aparecer outros sinais e sintomas, como manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo corpo. Após o aparecimento das manchas, a persistência da febre é um sinal de alerta e pode indicar gravidade, principalmente em crianças menores de 5 anos de idade.

Os tipos de vacinas são:

  • Dupla viral - Protege do vírus do sarampo e da rubéola. Pode ser utilizada para o bloqueio vacinal em situação de surto;
  • Tríplice viral - Protege do vírus do sarampo, caxumba e rubéola;
  • Tetra viral - Protege do vírus do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora).

*Com informações do site do Ministério da Saúde

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