Ondas de alta intensidade podem ter trazido manchas de óleo de volta para as praias do Ceará

Além da origem das manchas, qualidade da água do mar será analisada. Semace orienta banhistas a evitarem praias atingidas

Especialistas de universidades e órgãos responsáveis pelo meio ambiente visitaram nesta sexta-feira, 28, as praias do Ceará que registraram manchas de óleo nos últimos dias. O intuito da visita é coletar amostras do material oleoso, da água do mar e da areia para analisar se o poluente tem a mesma origem das manchas que apareceram em 2019 no litoral cearense. Apesar de ainda serem necessários estudos para revelar respostas mais concretas, uma das hipóteses é que um fenômeno de ondas chamado de swell pode ter trazido o óleo para a areia novamente.

As praias visitadas são do Cumbe, Canoa Quebrada, Majorlândia e Quixaba, em Aracati, a Prainha do Canto Verde, em Beberibe, o Porto das Dunas, em Aquiraz, a praia do Canto da Barra, em Fortim, e a Praia do Futuro, em Fortaleza. Ao todo, cinco municípios e 13 praias registraram os piches até esta quinta-feira, 27. De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), não houve adição a esta lista nesta sexta-feira, 28.

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Segundo o professor Rivelino Cavalcante, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará, no período de fim de um ano e começo de outro é quando acontece um fenômeno popularmente conhecido como “ressaca” do mar, que também tem o nome de swell. Além disso, nos últimos dias o mar do Ceará registrou ainda marés de grande amplitude.

“Provavelmente isso foi que ressuspendeu o material que estava na plataforma sedimentada”, explica Rivelino. O óleo do derramamento de 2019 teria ficado sedimentado no assoalho do oceano, mas com as ondas maiores e de alta intensidade, é possível que ele tenha se desprendido e voltado para a superfície.

Outro fator que corrobora para a hipótese de que estas manchas sejam fruto do mesmo derramamento que ocorreu há mais de dois anos é o tamanho pequeno delas. “Quando o petróleo entra em contato com o ambiente, principalmente no oceano, ele vai se desfazendo. Um material que era muito grande começa a ficar menorzinho”, diz Rivelino. O professor é um dos integrantes da equipe de pesquisadores que colheu amostras nas praias nesta sexta-feira, 28.

O pesquisador Rivelino Cavalcante coleta amostras nas cidades atingidas nesta sexta-feira, 28. A foto mostra uma das manchas encontradas pela equipe no Porto das Dunas, em Aquiraz
O pesquisador Rivelino Cavalcante coleta amostras nas cidades atingidas nesta sexta-feira, 28. A foto mostra uma das manchas encontradas pela equipe no Porto das Dunas, em Aquiraz (Foto: Rivelino Cavalcante/Arquivo pessoal)

Novo derramamento não é descartado

Apesar da hipótese de o óleo ser antigo, a possibilidade de um novo derramamento não foi descartada ainda. A possibilidade também foi ventilada pelo coordenador científico do Planejamento Costeiro e Marinho do Ceará, o pesquisador Eduardo Lacerda Barros.

Dúvidas quanto a origem dos piches surgem devido a direção em que chegam às praias, do leste para o oeste. “Se esse material fosse do antigo, era para ele estar sendo lançado em todo o Estado, de uma vez só”, explica o professor. No entanto, apenas as cidades do Litoral Leste estão registrando novas manchas até o momento.

Para justificar o direcionamento do material, Rivelino afirma que os pedaços de óleo podem ser antigos, podem ter saído do assoalho oceânico de um outro estado, como o Rio Grande Do Norte. Porém, ainda não há registro de manchas nas praias do estado vizinho.

O que também “intriga” o pesquisador são relatos de pescadores que afirmam ter visto os pedaços de óleo flutuando nas águas do mar. “Se ele fosse antigo, não era mais para estar flutuando, pois com o tempo ele perde as substâncias polares que o fazem flutuar. Esses relatos têm que ser analisados, porque os pescadores podem estar confusos, vendo algas ou outras coisas flutuando e achando que é óleo”, afirma.

Limpeza das praias está em planejamento

Artur Bruno, secretário do Meio Ambiente do Ceará, afirmou ao O POVO que a limpeza das praias está sendo discutida e será organizada em uma reunião na segunda-feira, 31, com representantes dos municípios, pesquisadores e técnicos dos órgãos de meio ambiente. “Queremos fazer a força tarefa como da última vez para diminuir o prejuízo que gera aos pescadores, ao turismo”, afirmou o chefe da pasta.

Segundo ele, foram enviados ofícios para os municípios atingidos orientando cuidados com as manchas. Os secretários de outros estados da região nordeste também foram comunicados da volta das manchas.

“A limpeza é a coisa mais prioritária. Entretanto, como esse material está muito pequeno, é preciso uma avaliação depois da qualidade dessas praias, se a água está no padrão de balneabilidade”, defende o professor Rivelino.

Em nota, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) orientou que banhistas evitem tomar banho de mar nos locais atingidos pelo óleo como precaução, mesmo antes do resultado das análises. O material pode ser danoso à pele e não deve ser tocado sem luvas. Em caso alguma parte do corpo entrar em contato com o óleo, o local deve ser lavado com água e sabão o quanto antes.

“Ressalta-se que o óleo será retirado das praias pelas Prefeituras, e a Semace se responsabiliza em recolhê-lo e destiná-lo adequadamente. O destino final do material será o incinerador da Apodi, que possui licença ambiental vigente”, diz a nota sobre a limpeza do material.

Veja quais praias foram atingidas pelas manchas de óleo

Aracati
- Cumbe
- Canoa Quebrada
- Majorlândia
- Quixabá
- Fontainha
- Lagoa do Mato

Fortim
- Canto da Barra
- Pontal

Aquiraz
- Porto das Dunas
- Prainha

Fortaleza
- Praia do Futuro
- Sabiaguaba

Beberibe
- Prainha do Canto Verde

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