Estudante com deficiência visual passa para Direito na UFC: "Não desistam jamais"

O jovem contou com a ajuda da tecnologia para driblar suas limitações e com uma rede de apoio, formada por familiares e professores

Davi Silva Moura, 18, alcançou o sonho que alimentava desde a infância na última sexta-feira, 16, quando descobriu que seu desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) o fez conquistar uma vaga no curso de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mesmo com as limitações impostas pela deficiência visual, o estudante, morador de Paracuru, distante 90,8 quilômetros de Fortaleza, virou exemplo de motivação e representa agora outra vontade que guarda: a de viver em uma sociedade mais inclusiva.

O desejo pelo curso veio quando o cearense ainda era uma criança, mas só foi desenvolvido durante o seu percurso na Escola Professora Abigail Sampaio, situada na região e onde concluiu o ensino médio em 2020. Na instituição, ele fez um curso técnico de administração e lá pegou o "gosto pelas leis", recebendo o apoio de professores para que desse continuidade ao sonho e apostasse naquele sentimento.

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Abraçando o desafio, ele começou a se dedicar ainda mais aos estudos e contou com a ajuda da tecnologia para driblar suas limitações. O computador que usava para estudar, por exemplo, tinha um leitor de telas e um programa que facilitava a navegação para pessoas com deficiência visual. Além disso, ele contou com ações inclusivas da escola que facilitava seu aprendizado, participando de "aulões" e aproveitando materiais distribuídos no cursinho preparatório para o vestibular.

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"Em alguns momentos eu pensei em desistir porque ficava muito pesado. Foi principalmente a minha família que me incentivou e acreditou em mim, que acreditou que eu pudesse chegar longe. Essa conquista eu devo a minha família, aos professores que foram fundamentais e também a escola inclusiva. Essa é a prova de que a inclusão traz benefícios para a sociedade", destacou Davi.

Quem acompanhou de perto a jornada do estudante foi o pai dele, Jurandi Soares de Moura, que atua lecionando aulas em uma escola municipal da cidade. Para o professor, a conquista do jovem gerou um "misto de emoção, alegria e felicidade", mas acima de tudo um sentimento de confiança e esperança na educação.

"Como professor, acreditei e acredito mais ainda na escola pública, e vejo a necessidade do fortalecimento da escola pública e mais inclusiva. Acredito na educação como principal instrumento de transformação social", destaca, relembrando ainda de como o filho ficou ansioso esperando pelo resultado: "Ás vezes acordava na madrugada procurando saber como estava a classificação dele. Vibrou muito com o resultado e comemorou em uma live com os colegas dele de escola".

Exemplo de motivação

O momento da descoberta também é relembrado por Davi. "A sensação foi extremamente gratificante pra mim, porque é um processo muito duro você precisar estudar e se dedicar ao máximo e quando eu soube do resultado foi uma mistura de sentimentos (...) Foi algo indescritível porque foi um processo muito duro (...) O resultado pra mim foi uma grande vitória, uma grande conquista", destacou.

Ainda sem saber quando começa as aulas, o mais novo estudante do curso de direito da UFC vive dias de expectativas, em que anseia com o futuro próximo e não se preocupa tanto com as decisões que precisará tomar no que está distante. Afinal, quando fala em escolher uma área especifica da profissão, diz que pode acabar advogando, virando diplomata ou, quem sabe, se tornando professor, como o seu pai.

Não importa qual seja o resultado, o jovem já começa a semear para colhe-lo, e deixa uma mensagem às pessoas que assim como ele tem algum tipo de deficiência: "Não desistam jamais, eu sei que as dificuldades são enormes e isso é inegável. Quando você tem deficiência você tem certas limitações, mas isso não é impeditivo. A mensagem que eu deixo é para que essas pessoas não desistam do seus sonhos e continuem buscando crescer, porque nós podemos".

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