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Período de defeso beneficia produção de lagostas no Ceará e valoriza exportação

A pausa permite que as lagostas se reproduzam adequadamente e favorece a exportação de produtos de mais qualidade
14:30 | Set. 25, 2020
Autor Catalina Leite
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Catalina Leite Repórter do OP+
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Tipo Notícia

A pausa de seis meses na pesca anual, chamada período de defeso, provou-se vantajosa para a produção de lagostas no litoral cearense. O animal integra a pauta de exportações do Ceará, mas estava enfrentando dificuldades em se reproduzir por causa da sobrepesca. Os dados preliminares da pesquisa realizada no Ceará serão apresentados nesta sexta-feira, às 16h,  na página da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) no Youtube. 

Em 2012, o Governo do Ceará instituiu o período de defeso com o objetivo de garantir a manutenção populacional dos animais e, consequentemente, favorecer a produção de lagostas. Em entrevista ao O POVO, o biólogo Raúl Cruz explicou que essa suspensão permite que as lagostas cresçam e tenham mais filhotes: uma lagosta adulta pode gerar um milhão de filhotes por estação. Dessas, 99,9% não sobrevivem, mas o 0,1% já vale muito. Raúl Cruz, cientista chefe de Pesca e Aquicultura da Funcap, irá apresentar os resultados preliminares da pesquisa. 

Antes do defeso, as lagostas eram pescadas muito pequenas, impedindo que elas pudessem reproduzir mais. Afinal, as lagostas menores produzem de 150 a mil filhotes - uma diferença bem significativa quando comparada com os milhões das adultas.

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Portanto, desde 2012, o período precisou ser respeitado e as lagostas só poderiam ser comercializadas e consumidas caso tivessem 75 milímetros ou mais de carapaça. Abaixo disso, o consumo é proibido, afirma Raúl, que é cientista chefe de Pesca e Aquicultura da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).

Defeso favorece a economia

A equipe do cientista chefe analisou os números de cada ano a partir de 2012 e os compararam com as dos anos anteriores. Nisso, eles detectaram que, em 2019, 90% da produção cearense veio de lagostas capturadas com idades entre dois e seis anos - todas nascidas durante os períodos de defeso. A notícia é ótima: quão mais velha for a lagosta, maior ela será (podendo ser consumida) e mais lagostinhas terá produzido.

Para a economia, no entanto, não é a quantidade que importa, mas a qualidade. Sendo um produto de exportação, o Ceará pode lucrar muito vendendo lagostas inteiras (com todas as partes do corpo) para a Europa e Ásia, que valorizam muito a carne do animal.

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Segundo Raúl, o Estado exporta principalmente para os Estados Unidos, que prefere comprar a lagosta em partes. Já no mercado europeu e asiático, a lagosta inteira pode resultar em lucro de 20% ou 30% (o preço é variável). “O problema não é pescar mais. É pescar bem, com sustentabilidade estabelecida, e exportar com qualidade de excelência”, defende.

A proposta do pesquisador é que o Ceará aposte em exportações de qualidade, em especial investindo no congelamento IQF. A técnica, traduzida para o português como “Congelamento Rápido Individual”, impede a formação de cristais de gelo na carne, garantindo que ela mantenha fresca mesmo durante a exportação.

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