Período de defeso beneficia produção de lagostas no Ceará e valoriza exportação
A pausa permite que as lagostas se reproduzam adequadamente e favorece a exportação de produtos de mais qualidade
A pausa de seis meses na pesca anual, chamada período de defeso, provou-se vantajosa para a produção de lagostas no litoral cearense. O animal integra a pauta de exportações do Ceará, mas estava enfrentando dificuldades em se reproduzir por causa da sobrepesca. Os dados preliminares da pesquisa realizada no Ceará serão apresentados nesta sexta-feira, às 16h, na página da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) no Youtube.
Em 2012, o Governo do Ceará instituiu o período de defeso com o objetivo de garantir a manutenção populacional dos animais e, consequentemente, favorecer a produção de lagostas. Em entrevista ao O POVO, o biólogo Raúl Cruz explicou que essa suspensão permite que as lagostas cresçam e tenham mais filhotes: uma lagosta adulta pode gerar um milhão de filhotes por estação. Dessas, 99,9% não sobrevivem, mas o 0,1% já vale muito. Raúl Cruz, cientista chefe de Pesca e Aquicultura da Funcap, irá apresentar os resultados preliminares da pesquisa.
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Antes do defeso, as lagostas eram pescadas muito pequenas, impedindo que elas pudessem reproduzir mais. Afinal, as lagostas menores produzem de 150 a mil filhotes - uma diferença bem significativa quando comparada com os milhões das adultas.
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Portanto, desde 2012, o período precisou ser respeitado e as lagostas só poderiam ser comercializadas e consumidas caso tivessem 75 milímetros ou mais de carapaça. Abaixo disso, o consumo é proibido, afirma Raúl, que é cientista chefe de Pesca e Aquicultura da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).
Defeso favorece a economia
A equipe do cientista chefe analisou os números de cada ano a partir de 2012 e os compararam com as dos anos anteriores. Nisso, eles detectaram que, em 2019, 90% da produção cearense veio de lagostas capturadas com idades entre dois e seis anos - todas nascidas durante os períodos de defeso. A notícia é ótima: quão mais velha for a lagosta, maior ela será (podendo ser consumida) e mais lagostinhas terá produzido.
Para a economia, no entanto, não é a quantidade que importa, mas a qualidade. Sendo um produto de exportação, o Ceará pode lucrar muito vendendo lagostas inteiras (com todas as partes do corpo) para a Europa e Ásia, que valorizam muito a carne do animal.
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Segundo Raúl, o Estado exporta principalmente para os Estados Unidos, que prefere comprar a lagosta em partes. Já no mercado europeu e asiático, a lagosta inteira pode resultar em lucro de 20% ou 30% (o preço é variável). “O problema não é pescar mais. É pescar bem, com sustentabilidade estabelecida, e exportar com qualidade de excelência”, defende.
A proposta do pesquisador é que o Ceará aposte em exportações de qualidade, em especial investindo no congelamento IQF. A técnica, traduzida para o português como “Congelamento Rápido Individual”, impede a formação de cristais de gelo na carne, garantindo que ela mantenha fresca mesmo durante a exportação.
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