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Quatro mil internos recebem certificação por cursos em unidades prisionais do Ceará

14 presídios de Sobral, Juazeiro do Norte, Fortaleza e Região Metropolitana foram contemplados. Na Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, em Itaitinga, 320 apenados receberam certificados. Para o próximo ano, meta é investir na educação de oito mil detentos
13:48 | Dez. 16, 2019
Autor O POVO
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As mãos erguendo orgulhosamente o certificado demonstram: há pelo menos quatro meses George Joubert dos Santos, de 31 anos, e Paulo Sérgio Viana, de 37, vinham se preparando para o momento. Atualmente, os dois, que estão à frente na foto, são detentos da Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, em Itaitinga. Mais do que isso, eles acabaram de finalizar os cursos de Pintura Predial e Instalação Hidráulica, respectivamente.

Os cursos foram oferecidos pela Secretaria da Administração Penitenciária, através da Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso (Cispe), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Tanto cursos da área da Construção Civil, como pedreiro e bombeiro hidráulico, passando por cursos de Mecânica até Corte e Costura eram opções.

Junto aos outros 318 colegas, George e Paulo receberam o documento. A solenidade oficial ocorreu dentro da unidade na manhã desta segunda-feira, 16. Ao todo, quatro mil apenados de 14 unidades prisionais do Ceará (Sobral, Juazeiro do Norte, Fortaleza e RMF) deram um passo a mais em direção à ressocialização.

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"Isso me trouxe uma qualificação profissional. Outro curso que fiz também, de corte e costura, eu gostei. Eu agradeço porque é um curso de alto nível”, relata George, que terminou o curso de Pintura Predial. Interno há dois anos e seis meses e atualmente no sistema semi-aberto, ele vê no curso uma oportunidade de sair da unidade com perspectiva de futuro. “Estou aguardando a oportunidade de sair com tornozeleira ou até mesmo com a carta de emprego. Procurar me ressocializar e mudar para não voltar mais para cá".

A parceria com o Senai acontece desde 2018
A parceria com o Senai acontece desde 2018 (Foto: FÁBIO LIMA/O POVO)

Já Paulo, que aqui fora trabalhou como auxiliar administrativo, disse ter adquirido, através do curso, mais conhecimento e qualificação profissional. Ele fez curso de Instalação Hidráulica e já projeta melhorias para a vida. "É um curso que procura mudar o preso, ressocializar. Pretendo sair daqui, entrar no mercado de trabalho e continuar os estudos, sempre procurar crescer”, diz.

Na solenidade, estavam presentes além dos 320 estudantes, o secretário do sistema penitenciário, Mauro Albuquerque; o presidente do Senai, Paulo André de Castro Holanda; Cristiane Gadelha, representante da Cispe, entre outras autoridades.

"É de extrema importância no âmbito do sistema prisional que sejam ofertados medidas que possam de alguma forma ressocializar o apenado, possibilitando que o mesmo seja reintegrado à sociedade. A pena prevista no Brasil apesar de ter caráter punitivo, conforme Código Penal e Constituição Federal, ostenta um caráter ressocializador, sendo certo que se deve ao máximo evitar que o condenado venha a reincidir. A Lei de Execução Penal prevê o abatimento da pena (remição) tanto pelo trabalho, como pelo estudo", explica Márcio Vitor Meyer de Albuquerque, advogado criminalista e presidente da Comissão de Direito Penitenciário da OAB-CE.

 

Além da entrega dos certificados, Mauro Albuquerque comentou, em entrevista, que a pasta está “capacitando os internos, trazendo as fábricas para dentro do sistema penitenciário”. Segundo Albuquerque, os detentos têm a possibilidade de treinar o que aprendem já dentro das unidades, através de um chamamento público realizado pela secretaria. “Só dele sair qualificado, ele tem emprego em qualquer boa indústria que precise de qualificação. Isso é uma evolução, quebra de paradigmas”, conta.

A parceria com o Senai ocorre desde 2018. Para o próximo ano, a meta é investir na educação de oito mil detentos. Os cursos são escolhidos através de uma procura às profissões que têm aderência ao mercado. Ele dura uma média de três a quatro meses com aulas todos os dias.

“A importância é o resgate da cidadania, das competências técnicas e comportamentais”, ressalta Paulo André de Castro, presidente do Senai. Segundo Paulo, objetivo é qualificar os detentos para que eles possam entrar no mercado de trabalho ou montar seu próprio negócio. “Alguns deles já estavam na sua profissão como pedreiro, madeireiro. Aqui, eles aperfeiçoaram”, explica.

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