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IBGE publica estudo com regiões que concentram áreas de deslizamentos; maioria do CE está com baixa suscetibilidade

Regiões serranas, com muitas edificações e ocupação de terras são fatores que influenciam resultados
10:08 | Dez. 06, 2019
Autor O POVO
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Tipo Notícia

No Brasil, 5,7% do território têm sensibilidade muito alta a deslizamentos, enquanto 10,4% tem sensibilidade alta. No Nordeste, são 10,1% de suscetibilidade alta e 3,8% muito alta. Os dados são do estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

No Ceará, uma área de 148.895 km², 21,2% do território, se encontra com suscetibilidade muito baixa para deslizamento, 47,5% com risco baixo, 21,1% se encontra em probabilidade média. Os territórios com alta suscetibilidade se encontram com uma porcentagem de 6,3% e 3,9% com probabilidade muito alta. As regiões de alta são serranas, como Viçosa, Tianguá, Ubajara, Meruoca, Pacoti, Guaramiranga, Mulungu, Baturité.

Confira lista com dados sobre suscetibilidade alta ou muito alta a deslizamentos de cada região brasileira:

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Sudeste: 23,2% de seu território com suscetibilidade muito alta e 24,6% de alta suscetibilidade

Sul: 15,6% de seu território com suscetibilidade muito alta e 24,5% de alta suscetibilidade

Nordeste: 3,8% de seu território com suscetibilidade muito alta e 10,1% de alta suscetibilidade

Centro-Oeste: 3,8% de seu território com suscetibilidade muito alta e 8,2% de alta suscetibilidade

Norte: 1,6% de seu território com suscetibilidade muito alta e 6% de alta suscetibilidade

O estudo utilizou seis aspectos para produzir um mapa sobre as áreas de suscetibilidade no País, em uma escala de muito baixa a muito alta suscetibilidade: geologia, geomorfologia, pedologia, cobertura e uso da terra e vegetação, declividade e pluviosidade. A declividade, ou seja, inclinação dos territórios, foi um dos principais fatores que influenciaram no resultado. A quantidade de regiões serranas ou edificadas em terrenos geológicos de grande mobilidade e fragilidade crustal. O clima tropical, que traz a alta pluviosidade, ou seja quantidade de chuva, também influencia na probabilidade de deslizamentos, além de dinâmica de uso e ocupação de terras.

O professor e pesquisador da área de Geomorfologia, do curso de Geografia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Frederico de Holanda, afirma que o estudo ressalta a importância de uma maior preocupação por parte do poder público brasileiro com desastres, naturais ou não. Ele lembra que em 2012, a partir da Lei nº 12.608, foi instituída a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), que autorizou a criação de um sistema de monitoramento de desastres e representa um grande avanço em termos jurídicos com relação a essa temática.

Ele informa que o estudo apresenta uma subjetividade metodológica, pois existe uma grande complexidade de fatores que causam os deslizamentos. Mas o relatório apresenta informações importantes. No entanto, estudos com recortes mais específicos são mais interessantes em termos de resposta à sociedade no que diz respeito à identificação de áreas de risco. "De maneira geral, o relatório constatou que as áreas de maior suscetibilidade no Brasil estão relacionadas aos setores com topografia mais acidentada, situados basicamente nas regiões sul e sudeste, compreendendo as serras do Mar e da Mantiqueira. Além dos aspectos naturais favoráveis à ocorrência de deslizamentos, cabe destacar que essas são as áreas mais densamente povoadas no território nacional, o que aumenta a preocupação com tais eventos".

Ele explica que em relação ao contexto nacional, o estado do Ceará apresenta baixa suscetibilidade à ocorrência de deslizamentos e isso se deve às condições topograficamente planas das superfícies sertanejas, paisagens predominantes no contexto estadual. "As áreas com maior suscetibilidade se localizam nos ambientes serranos estaduais como nos maciços de Baturité, Uruburetama e Meruoca".

Movimentos gravitacionais de massa são eventos que fazem parte da evolução natural das paisagens nas mais diversas partes do mundo. "Existem determinadas características de solos, declividade e de uso da terra que podem aumentar ou diminuir a suscetibilidade de ocorrência desses eventos nas encostas. Além disso, existem elementos desencadeadores de movimentos de massa, com destaque para as chuvas, no caso do Brasil". O pesquisador e professor explica que a melhor forma de se conviver com esse tipo de evento é conhecendo o seu comportamento, de maneira a ordenar adequadamente a ocupação humana.

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