Conheça três semifinalistas do programa de soletrar Ao Pé da Letra
Anderson Germano, 18, perdeu a visão ainda criança. Hoje é um dos semifinalistas do programa, vindo do Crato. Tem na avó sua maior fã"A parte mais interessante é que você passa nas eliminatórias e vem para Fortaleza. Eu sou de Crato, a 508 km daqui, 10 horas de viagem. Vim para Capital para disputar". Quem fala é Anderson Germano da Silva, 18, um dos semifinalistas do programa Ao Pé da Letra. Ele é deficiente visual e tem sua história contada pela avó, que percorreu junto do neto esses mais de 500 km entre a cidade natal e Fortaleza. Dona Antônia Veira da Silva, 71, lembra que Germano já nasceu com problemas de visão e a perdeu com poucos anos de vida. Tem um orgulho imenso do menino, que perdeu a mãe há três anos.
Programa vai premiar alunos que se destacarem em soletrar palavras
"Era para ela estar aqui, vendo o filho. O fato de ele não enxergar nunca impediu de ele ser alegre e aprender. É um campeão na internet, tudo faz no computador. Esse menino é um fenômeno", referencia o neto. Orgulhosa, veio torcer.
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Professora e aluna em busca da vitória
Quando foi se identificar, a professora de português Sandra Paula Xavier Souza fez uma ressalva sobre seu último nome: "mas ela sabe que depois do ditongo se usa S". Falava da aluna, Débora Oliveira, 15. Ambas são de uma escola de Caucaia e estão juntas em busca de ganhar o programa Ao Pé da Letra. "Me chamaram para participar por causa das minhas notas", conta Débora. A menina nunca tirou menos de 9.0 entre as médias da escola.
A maior dificuldade da disputa, de acordo com a estudante, são as palavras com sentido ambíguo. "Muita gente usa as palavras e não sabem seu peso. Ódio, por exemplo, muita gente diz e não pondera que é algo repugnante", pondera. Ela conta ainda que os treinamentos para as etapas iniciais contavam com interação direta entre ela e a professora. "Ela ditava e eu escrevia. Depois começamos a soletração mesmo", detalha.
Uma das estratégias utilizada pela professora Sandra para trabalhar português em sala de aula é levar, todos os dias, uma dúvida aos alunos. Principalmente sobre regras ortográficas. "Uso de x ou ch, de s ou z, de g ou j. Lanço a dúvida, faço uma atividade e depois uma avaliação", explica. A questão ortográfica, conforme a docente, é dificuldade geral entre os estudantes. "Principalmente em relação à acentuação gráfica", frisa.
Vícios da internet e reforma ortográfica
Você=vc
Também=tb
Por favor=pfv
Quem, em seus diálogos diários, nunca fez as substituições acima? A internet pode ser uma "inimiga" do português. Hoje, a abreviação de palavras é um dos problemas mais identificados entre os jovens. "Muitas vezes eu não escrevo direito. A gente abrevia na escrita e também na fala, dizendo palavras como 'to' e 'bora'", assume Paulo Henrique da Silva Mendes, 16, estudante de Maracanaú. "Tem também as mudanças com o uso do hífens. é preciso estudar e repetir muito", destaca. E o auxílio para os estudos não são mais gramáticas em forma de livro. Pdfs de textos passados pelos professores e slides explicativos são o material utilizado.
Para Lucas Kauã Teófilo, 15, palavras com "sc" e os acentos são os maiores desafios. Mas transpostos com vontade e sorrisos. "Eu tenho afinidade com letras. Descubro e me divirto", destaca. O objetivo é se formar em Letras e atuar em escolas. Mas não na sala de aula. "É importante se divertir estudando. Letra por letra, palavra por palavra. Por aí eu vou descobrindo. E descobrir é se divertir", conclui.
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