Adolescente orientou namorado em tempo real durante assassinato da família, detalha delegado
Namorada virtual do autor dos crimes teria incentivado os disparos e sugerido formas de ocultar os corpos
A Polícia Civil revelou detalhes da investigação que apura o assassinato de três pessoas da mesma família no interior do Rio de Janeiro. O autor dos disparos foi um adolescente de 14 anos, que matou o pai, a mãe e o irmão de três anos dentro da própria casa.
Segundo a polícia, o crime teve incentivo direto da namorada do jovem, uma adolescente de 15 anos, que acompanhava tudo à distância, em tempo real, por meio de mensagens.
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Ao O POVO News, o delegado Mateus Soares, da Delegacia de Água Boa, em Mato Grosso, afirmou que após o adolescente assassinar o pai, ele enviou uma mensagem para a namorada dizendo: “Matei o meu pai”. No mesmo momento ela enviou a seguinte mensagem: “Atira nela agora”, referindo-se à mãe do jovem.
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Conversas em tempo real durante os assassinatos
A adolescente teria enviado uma contagem regressiva momentos antes da execução da mãe do adolescente.
“Após o crime, o casal continuou trocando juras de amor e fazendo brincadeiras por mensagens. A adolescente disse que estava orgulhosa de que o namorado tenha feito isso só para ficar com ela, chegando a falar: ‘Nunca pensei que alguém faria isso por mim’”, relatou o Soares.
Além disso, eles discutiram como se livrar dos corpos.
Delegado relata ausência de arrependimento
“Apesar de ela ficar em uma cela separada por ser menor de idade, ela criou relacionamentos com outros presos, interage com eles, ela apresenta uma total tranquilidade”, afirmou o delegado.
A jovem foi apreendida no dia 30 de junho e permanece à disposição da Justiça, ela saiu da delegacia e foi encaminhada para um centro socioeducativo feminino em Mato Grosso.
“É comum que o réu apresente algum tipo de emoção ou de arrependimento, mas em relação a ela, eu não percebi nenhum desses sentimentos, até o momento ela se encontra absolutamente tranquila”, destacou.
Durante seu depoimento, acompanhada da mãe, ela tentou alegar que teria sido coagida pelo namorado a participar do crime. No entanto, segundo a polícia, as mensagens trocadas contradizem essa versão.
“Eles continuaram conversando normalmente e até tirando brincadeira, como se nada tivesse acontecido”, disse Soares.
Planejamento envolvia também a morte da mãe da adolescente e da avó paterna do garoto
A polícia identificou que o casal chegou a planejar a morte da mãe da adolescente. Em mensagens, ela mencionou empurrar a mãe da escada ou usar outra forma para matá-la. Para os investigadores, caso o adolescente tivesse conseguido viajar para Mato Grosso, os dois poderiam ter tentado executar esse plano.
A mãe da jovem relatou haver restringido o uso de celular da filha desde os 12 anos, mas ela continuava com acesso ao notebook da família, por onde mantinha contato com o namorado.
“A mãe, inicialmente, não acreditava que a filha pudesse estar envolvida. Disse que era uma menina tímida, com boas notas e comportamento exemplar”, contou o delegado.
Além da mãe da adolescente, o casal também planejava matar a avó paterna do rapaz, por medo que ela descobrisse todo o crime.
Investigação no Rio de Janeiro foi concluída
Ao O POVO News, o delegado Carlos Augusto Guimarães, da 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna (RJ), afirmou que a investigação foi finalizada e que tanto o adolescente que cometeu os assassinatos quanto a namorada responderão pelos mesmos crimes.
“Ele executou presencialmente, ela executou virtualmente. Ambos vão responder pelos três homicídios e pelas três ocultações de cadáveres”, afirmou.
Indícios de motivação financeira
A polícia também investiga uma possível motivação financeira para o crime.
Após os assassinatos, foram encontradas pesquisas no celular do adolescente relacionadas ao saque de valores do FGTS de pessoa falecida. O pai do garoto teria um saldo de R$ 33 mil no fundo.
Além disso, ele demonstrou intenção de vender a casa da família por R$ 300 mil e o automóvel da família por aproximadamente R$ 60 mil.
Jogo de terror psicológico está sob investigação
Outro ponto apurado pela polícia é o possível envolvimento de um videogame com temática de terror psicológico, cujo enredo envolve o assassinato dos próprios pais.
O conteúdo teria sido mencionado pelo garoto durante o interrogatório e a polícia investiga se houve influência direta do jogo na execução do plano.
Próximos passos judiciais
Os adolescentes estão detidos em centros socioeducativos nos respectivos estados.
Ambos devem passar por audiência na Vara da Infância nas próximas semanas, que vai definir o tipo de medida socioeducativa.
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