Peeling de fenol: quais profissionais podem realizar o procedimento?

O POVO conversa com médica dermatologista e explica sobre os cuidados e determinações que devem ser seguidos em procedimentos estéticos

O recente caso do empresário paulista Henrique Silva Chagas, de 27 anos, que morreu no último dia 3, ao ser submetido ao peeling de fenol, reacendeu a discussão sobre os limites de atuação de profissionais não médicos na realização de procedimentos estéticos. Sobre isso, O POVO conversa com a médica dermatologista Melina Kichler, que tem residência médica em dermatologia pela Universidade de São Paulo.

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O POVO - Quais procedimentos dermatológicos podem ser feitos em clínicas e o que deve ser feito obrigatoriamente em ambiente hospitalar?

Melina Kichler - Na minha opinião, já que a gente não tem uma legislação sobre isso, quando você tem algum risco de vida comprovado, ele deve ser sempre feito em ambiente hospitalar, como o fenol. Ele é sabidamente nefrotóxico e cardiotóxico quando é feito no rosto inteiro.

O fenol localizado, que é o fenol que a gente faz só ao redor dos olhos e ao redor da boca, pode sim ser feito em clínicas, o que a gente chama de (procedimento) ambulatorial, mas sempre por médicos — pois até esses (mais simples) têm seus riscos. Esses procedimentos invasivos têm que ser sempre feitos por médicos.

OP - Quais são as especialidades médicas capacitadas para realizar os procedimentos?

MK - De acordo com o Conselho Federal de Medicina, os profissionais que podem fazer este tipo de procedimento são dermatologistas e cirurgiões plásticos, que têm o registro de especialidade, tiveram formação naquela especialidade e têm todo respaldo e todo conhecimento para tanto fazer o procedimento, bem como para lidar com as complicações que o procedimento pode acarretar.

OP - A influencer que realizou o procedimento no empresário paulista disse que fez um curso online, que teria sido oferecido por uma farmacêutica. Esses profissionais podem realizar esses procedimentos ou oferecer cursos sobre eles?

MK - No caso de peeling de fenol, não. Pois ele é um procedimento que traz seus riscos. Na minha opinião, quem faz cursos para esses profissionais não capacitados também tem que ser responsabilizado por eventuais danos — já que você assume a responsabilidade de ensinar pessoas que não estão aptas.

OP - É possível oferecer cursos para este tipo de procedimento de forma online?

MK - É impossível. Para quem já tem o conhecimento e quer aprofundar, vale, pois você já tem mão, já praticou aquilo. Tem determinados cursos, principalmente para quem nunca fez, que é impossível ser feito online, pois você precisa da prática e de um mentor, alguém que vai te guiando.

OP - Até onde vai o trabalho de um profissional de beleza e onde começa um trabalho que tem que ser feito por um profissional médico?

MK - O ato médico foi muito distorcido e muito deturpado ao longo dos anos. Tudo que for feito em camadas mais profundas da pele só pode ser feito por um médico.

Por exemplo, a gente tem procedimentos com laser que não são injetáveis, são externos, mas que atingem as camadas mais profundas. Então, este tipo de laser deve ser feito por médico.

Os profissionais de estética devem ficar com procedimentos que não possam acarretar efeito colateral ou nenhum dano para saúde do paciente e que ele não conseguiria resolver. É aí que entra a diferença do que pode e do que não pode.

Segurança e beleza: o que o caso do peeling de fenol pode nos ensinar?

Melina foi entrevistada pelo jornalista Clóvis Holanda no programa Pause da última sexta-feira, 14. Assista ao programa completo:

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