Ubirajara é oficialmente apresentado e Elmano cita mais repatriações de fósseis do Ceará

O fóssil do Ubirajara jubatus foi apresentado para a comunidade brasileira no MCTI

Com as duas pedras cariri expostas em pedestais brancos, o fóssil do Ubirajara jubatus foi oficialmente apresentado para a comunidade brasileira na sede do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) nesta segunda-feira, 12. O dinossauro cearense com penas foi contrabandeado do Cariri nos anos 1990 e simboliza a luta contra o tráfico de fósseis e contra o colonialismo científico.

Após três anos de protestos, os paleontólogos brasileiros mobilizados na hashtag #UbirajaraBelongsToBR lograram a repatriação do material. Ele chegou ao Brasil no dia 4 de junho, mas foi apresentado somente hoje. Ele volta com o governador Elmano de Freitas (PT) para o Ceará na quarta-feira, 14. A primeira parada é em Fortaleza, para ser apresentado no Palácio da Abolição; depois, segue para a capital cearense da paleontologia Santana do Cariri, onde ficará no acervo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (MPPCN).

O Ubirajara viveu há 110 milhões de anos na Bacia do Araripe e foi escavado do lado cearense da Chapada do Araripe. Acompanhe, em tempo real, a saga do retorno do Ubirajara ao Cariri.

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No evento de apresentação, o governador Elmano destacou que o Estado segue trabalhando em outros pedidos de repatriação, entre eles a devolução de quase mil fósseis caririenses localizados na França.

"Recuperar esse fóssil é muito importante para nossa autoestima e para a recuperação da pesquisa do Ceará. Nós estamos ainda à busca de recuperar um fóssil nas discussões com a embaixada da França, para que possamos garantir que toda essa riqueza paleontológica efetivamente retorne a quem pertence, que é o povo cearense", destaca o governador.

Ao lado de Elmano e do reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca) Francisco do O’ de Lima Júnior fizeram-se presentes a ministra da Ciência Luciana Santos, o encarregado de Negócios da embaixada da Alemanha no Brasil Marc Bogdahn e o curador do Museu Estadual de História Natural Karlsruhe (SMNK) Julian Kimmig - o SMNK é o museu alemão que detinha o Ubirajara desde, pelo menos, 2009.

"Eu assumi o meu atual cargo como curador em outubro do ano passado. À época eu já estava ciente da controvérsia envolvendo a descrição do fóssil", comenta Julian. "A história desse espécime e a forma como o assunto foi tratado foram infelizes, muito infelizes. Portanto, toda a nova equipe do Departamento de Geociências do SMNK está muito feliz de poder colaborar com os esforços (de repatriação)", afirmou durante o discurso.

Na plateia, estavam também Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o diretor do MPPCN Allysson Pinheiro e os paleontólogos Aline Ghilardi (da UFRN) e Juan Cisneros (UFPI), diretamente envolvidos no movimento UbirajaraBelongsToBR. 

Vários pesquisadores e envolvidos na luta acompanharam a transmissão ao vivo da cerimônia realizada pelo MCTI no YouTube. Nos comentários, pesquisadores do México, país que também sofre com o tráfico de fósseis e o colonialismo científico, comemoraram a repatriação. "Um grande exemplo do que é corretor e como evitar as más práticas na Ciência, neste caso na Paleontologia. Felicitações pelo retorno deste material ao seu país. Excelente, Brasil!", escreveu Ulices Carrillo, do Museu do Instituto de Geologia da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam).

"O "Ubirajara jubatus" é um exemplo de luta contra as práticas coloniais que ainda perduram na Ciência. Que maravilha que o exemplar voltou para seu lar. Felicidades!", parabenizou Sergio González Mora, também da Unam. (Colaborou João Paulo Biage, correspondente do O POVO em Brasília)

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