Klara Castanho: Conselho de Enfermagem investiga profissional que atendeu atriz

A enfermeira que, segundo relato da atriz, ameaçou levar o caso a público é alvo da investigação do Conselho Federal de Enfermagem e pela rede hospitalar onde atriz foi atendida

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) publicou nota sobre o caso da atriz Klara Castanho na tarde deste domingo. Segundo texto, a apuração dos fatos já foi determinada e prestou solidariedade à atriz de 21 anos.

A atuação dos profissionais de saúde envolvidos no atendimento da jovem também será apurada pelo Hospital D'Or São Luiz, rede particular de saúde a qual pertence a unidade em que Klara foi internada.

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No sábado, 25, a atriz Klara Castanho usou suas redes sociais para desabafar sobre uma série de violências que vivenciou nos últimos meses. Ela contou ter sido estuprada, engravidou e decidiu dar o bebê para adoção. E confirmou ter sido ameaçada pela enfermeira de ter seu caso revelado e que dois colunistas lhe procuraram enquanto estava no hospital depois do parto.

A enfermeira que, segundo relato da atriz, ameaçou levar o caso a público agora é alvo da investigação pela entidade e pela rede hospitalar.

O Cofen criticou ainda a divulgação do caso na imprensa. "Da mesma forma, devem ser execrados comunicadores que deturpam a função social do jornalismo para destruir a vida das pessoas. Vida privada não é assunto público".

Nota do Cofen na íntegra; leia

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) manifesta profunda solidariedade à atriz Klara Castanho, que, após ser vítima de violência sexual, teve o seu direito à privacidade violado, durante processo de entrega voluntária para adoção, conforme assegura o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Diante dos fatos, o Cofen determinou a apuração da ocorrência e tomará todas as providências que lhe couber para a identificação dos responsáveis pelo vazamento de informações sigilosas pertinentes ao caso.

O princípio basilar da Enfermagem é a confiança. Portanto, o profissional de saúde que viola a privacidade do paciente em qualquer circunstância comete crime e atenta eticamente contra a profissão, conforme prevê o Art. 82 do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.

Casos assim devem ser rigorosamente punidos, para que não mais se repitam. Da mesma forma, devem ser execrados comunicadores que deturpam a função social do jornalismo para destruir a vida das pessoas. Vida privada não é assunto público.

Assim como Klara, milhões de mulheres brasileiras são vítimas de violência sexual todos os anos e não encontram o acolhimento a que têm direito. São julgadas, ultrajadas e abandonadas, com sequelas para a vida toda.

Esse caso é reflexo de um problema muito mais profundo, que precisa ser enfrentado pela sociedade brasileira. Como uma força de trabalho majoritariamente feminina, a Enfermagem sente na pele o que é a violência de gênero.

De acordo com dados do próprio Ministério da Saúde, 17 mil meninas com idade inferior a 14 anos tiveram filhos em 2021, todas elas vítimas presumidas de estupro de vulnerável. Crianças que se tornaram mães, sem nenhuma noção de seus direitos.

Que a revolta provocada pelo caso Klara Castanho sirva realmente para uma mudança verdadeira. As mulheres precisam ter os seus direitos reprodutivos respeitados e atendidos. A sociedade brasileira não pode continuar torturando mulheres como ela.

O Cofen e a Enfermagem estão com Klara e com as mulheres vítimas de violência, contra os maus profissionais e contra o machismo. Estamos com todas as mulheres.

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