80% das agressões e tentativas de feminicídio no Brasil são contra mães

A realidade ficou ainda pior com o agravo da pandemia de Covid-19, que interferiu na vida dessas mulheres fazendo com que ficassem confinadas ainda mais tempo com seus agressores.

Após a divulgação das imagens de Iverson Araújo, o DJ Ivis, agredindo a ex-esposa, Pamella Holanda, na frente da filha de apenas 9 meses de idade, ganharam destaque as discussões sobre a violência contra mulheres. Em 2020, pelo menos 80% dos lares brasileiros onde um homem tentou matar uma mulher com uma faca ou uma arma de fogo, essa vítima era mãe e, provavelmente, os filhos assistiram às agressões. Esses dados foram apresentados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública e divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), na última quinta-feira, 15.

A realidade ficou ainda pior com o agravo da pandemia de Covid-19, que interferiu na vida dessas mulheres fazendo com que ficassem confinadas ainda mais tempo com seus agressores. Além disso, a pandemia abalou economicamente a vida de muitas mulheres.

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De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão, para 79% das mulheres, ter a própria renda dá mais condições para denunciar uma situação de violência doméstica. Já para 80% das mulheres entrevistadas, muitas não conseguem sair de situações de violência doméstica porque não têm como se sustentar ou sustentar seus filhos. 

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Conforme dados do Anuário, de todas as mulheres que sofreram qualquer tipo de violência doméstica no ano passado, 60% têm filhos; as mães representam 74% das vítimas de estrangulamento e tentativa de espancamento; 65% das que são agredidas com tapa ou soco, empurrão ou chute e 65% das que sofrem ameaça de agressão física.

Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil

Outros achados da Fórum, em parceria com o Datafolha, sobre violência contra as mulheres durante o primeiro ano de pandemia pelo Covid-19, mostraram que houve um incremento de casos de violência doméstica em todo o mundo e que as mulheres eram suas principais vítimas. O levantamento nos primeiros meses de isolamento social foram feitos com base no aumento em pedidos de ajuda em linhas telefônicas de canais de atendimento.

Conforme o relatório:

- 1 em cada 4 mulheres brasileiras (24,4%) acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência ou agressão nos últimos 12 meses, durante a pandemia de Covid-19. Isso significa que cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano.

- 4,3 milhões de mulheres foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes. Isso significa dizer que, a cada minuto, 8 mulheres apanharam no Brasil durante a pandemia do coronavírus.

- O tipo de violência mais frequentemente relatado foi a ofensa verbal, como insultos e xingamentos. Cerca de 13 milhões de brasileiras sofreram este tipo de violência.

- 5,9 milhões de mulheres relataram ter sofrido ameaças de violência física como tapas, empurrões ou chutes.

- Cerca de 3,7 milhões de brasileiras sofreram ofensas sexuais ou tentativas forçadas de manter relações sexuais.

- 2,1 milhões de mulheres sofreram ameaças com faca (arma branca) ou arma de fogo.

- 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento.

- Em relação ao perfil, verifica-se que quanto mais jovem, maior a prevalência de violência, sendo que 35,2% das mulheres de 16 a 24 anos relataram ter vivenciado algum tipo de violência, 28,6% das mulheres de 35 a 34 anos, 24,4% das mulheres de 35 a 44 anos, 19,8% das mulheres de 45 a 59 anos e 14,1% das mulheres com 60 anos ou mais.

- Em relação ao perfil racial, mulheres pretas experimentaram níveis mais elevados de violência (28,3%) do que as pardas (24,6%) e as brancas (23,5%).

Violência contra a mulher - o que é e como denunciar?

 

A violência doméstica e familiar constitui uma das formas de violação dos direitos humanos em todo o mundo. No Brasil, a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, caracteriza e enquadra na lei cinco tipos de violência contra a mulher: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.

Entenda as violências:

Violência física: espancamento, tortura, lesões com objetos cortantes ou perfurantes ou atirar objetos, sacudir ou apertar os braços

Psicológica: ameaças, humilhação, isolamento (proibição de estudar ou falar com amigos)

Sexual: obrigar a mulher a fazer atos sexuais, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição, estupro.

Patrimonial: deixar de pagar pensão alimentícia, controlar o dinheiro, estelionato

Moral: críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos sobre sua índole, desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir

A Lei 13.104/15 enquadrou a Lei do Feminícidio - o assassinato de mulheres apenas pelo fato dela ser uma mulher. O feminicídio é, por muitas vezes, o triste final de um ciclo de violência sofrido por uma mulher - por isso, as violências devem ser denunciadas logo quando ocorrem. A lei considera que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

LEIA MAIS | Veja como denunciar violência doméstica durante a pandemia

Veja como buscar ajuda:

Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180

Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM-FOR)
Rua Teles de Souza, s/n - Couto Fernandes
Contatos: (85) 3108- 2950 / 3108-2952

Delegacia de Defesa da Mulher de Caucaia (DDM-C)
Rua Porcina Leite, 113 - Parque Soledade
Contato: (85) 3101-7926

Delegacia de Defesa da Mulher de Maracanaú (DDM-M)
Rua Padre José Holanda do Vale, 1961 (Altos) - Piratininga
Contato: 3371-7835

Delegacia de Defesa da Mulher de Pacatuba (DDM-PAC)
Rua Marginal Nordeste, 836 - Jereissati III
Contatos: 3384-5820 / 3384-4203

Delegacia de Defesa da Mulher do Crato (DDM-CR)
Rua Coronel Secundo, 216 - Pimenta
Contato: (88) 3102-1250

Delegacia de Defesa da Mulher de Icó (DDM-ICÓ)
Rua Padre José Alves de Macêdo, 963 - Loteamento José Barreto
Contato: (88) 3561-5551

Delegacia de Defesa da Mulher de Iguatu (DDM-I)
Rua Monsenhor Coelho, s/n - Centro
Contato: (88) 3581-9454

Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte (DDM-JN)
Rua Joaquim Mansinho, s/n - Santa Teresa
Contato: (88) 3102-1102

Delegacia de Defesa da Mulher de Sobral (DDM-S)
Av. Lúcia Sabóia, 358 - Centro
Contato: (88) 3677-4282

Delegacia de Defesa da Mulher de Quixadá (DDM-Q)
Rua Jesus Maria José, 2255 - Jardim dos Monólitos
Contato: (88) 3412-8082

Casa da Mulher Brasileira

A Casa da Mulher Brasileira é referência no Ceará no apoio e assistência social, psicológica, jurídica e econômica às mulheres em situação de violência. Gerida pelo Estado, o equipamento acolhe e oferece novas perspectivas a mulheres em situação de violência por meio de suporte humanizado, com foco na capacitação profissional e no empoderamento feminino.

Telefones para informações e denúncias:

Recepção: (85) 3108.2992 / 3108.2931 – Plantão 24h
Delegacia de Defesa da Mulher: (85) 3108.2950 – Plantão 24h, sete dias por semana
Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher: (85) 3108.2966 - segunda a quinta, 8h às 17h
Defensoria Pública: (85) 3108.2986 / segunda a sexta, 8h às 17h
Ministério Público: (85) 3108. 2940 / 3108.2941, segunda a sexta , 8h às 16h
Juizado: (85) 3108.2971 – segunda a sexta, 8h às 17h

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violência domesticas covid-19 isolamento social

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