Miranda expõe gravação com Bolsonaro a um grupo de deputados, dizem parlamentares

Material seria a prova de que Bolsonaro foi alertado sobre possíveis indícios na compra da vacina indiana Covaxin

A gravação da conversa entre o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o servidor público Luis Ricardo Fernandes Miranda e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ocorrida em 20 de março, foi reproduzida a um grupo de parlamentares governistas durante reunião em Brasília neste sábado, 10, segundo informações do canal BandNews TV. Ontem (9), o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) já havia confirmado a existência do áudio em publicação feita no Twitter: "são 50 minutos de muita informação e baixaria", escreveu o petista.

No encontro de hoje, Miranda teria mostrado apenas alguns trechos da gravação. A intenção do deputado é provar aos aliados do Planalto que ele e seu irmão Luis Ricardo teriam alertado Bolsonaro sobre supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.

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Ao revelar parte do áudio aos parlamentares mais próximos do presidente, Miranda também teria afirmado que, caso seja desmentido por Bolsonaro sobre a existência do material, divulgará o conteúdo da gravação na íntegra para conhecimento de toda a população.

Temendo um aprofundamento da crise política, a base de apoio do governo pediu a Bolsonaro, logo após o encontro com Miranda, que evite contradizer a versão do deputado publicamente.

Provocado a comentar o assunto durante entrevista à rádio Gaúcha, na manhã de hoje (10), o presidente negou mais uma vez, sem citar o deputado, que tenha sido avisado sobre possíveis indícios de corrupção na compra da vacina.

Mais envolvidos

De acordo com informações do site O Antagonista, durante a suposta reunião com Miranda e seu irmão Luis Ricardo (servidor do Ministério da Saúde) Bolsonaro não teria mencionado apenas o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), como responsável pelo esquema de corrupção que envolveu o contrato de compra da vacina indiana Covaxin. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas, também teriam sido citados. Os três formam o núcleo do Centrão, bloco que sustenta Bolsonaro no Congresso.

Os irmãos Miranda disseram à CPI da Covid que relataram a Bolsonaro, na reunião ocorrida no Palácio da Alvorada, em 20 de março, cobrança de propina e outras irregularidades na compra da Covaxin, vacina produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. No depoimento, o deputado afirmou que Bolsonaro atribuiu os problemas a "mais um rolo" de Ricardo Barros. No Congresso, a avaliação é a de que, se esta declaração for confirmada, a governabilidade estará comprometida e o grupo de Barros poderá se voltar contra o Palácio do Planalto.

Suspeitas de corrupção nas negociações para a aquisição de vacinas estão atualmente no foco da CPI. Duas semanas depois de Miranda ter afirmado que Bolsonaro fez o comentário desabonador sobre Barros, o silêncio impera no Planalto. Provocado por meio de uma carta enviada pela cúpula da CPI a rebater a versão do deputado, um ex-aliado, o presidente disse que vai ignorar a missiva.

Até o momento, Miranda tem negado, publicamente, que tenha gravado Bolsonaro. Mas sempre faz a ressalva de que não estava sozinho no encontro e que, na CPI da Covid, seu irmão Luis Ricardo não foi perguntado sobre isso.

Com Agência Estado



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