Bolsonaro confirma não ter agido frente às irregularidades da Covaxin
A confirmação do presidente foi dada durante entrevista à Rádio Gaúcha na manhã deste sábado, 10O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou neste sábado, 10, que não agiu frente às denúncias de irregularidades na negociação de compra da vacina contra Covid-19 Covaxin. "Eu não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa pra mim, tomar providência", disse ele à Rádio Gaúcha, em referência à denúncia feita pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid.
A CPI avalia a possibilidade de comunicar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a ocorrência de suposto crime cometido por Bolsonaro, no caso da compra da Covaxin. O mandatário teria conhecimento de um caso de corrupção e deixou de agir ou comunicar às autoridades competentes — inação que configuraria prevaricação. De acordo com Miranda, o presidente sabia de "rolo" na compra da Covaxin, cuja aquisição já foi cancelada devido às suspeitas de superfaturamento.
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AssineEm 2 de julho, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito contra o presidente por suposta prevaricação no caso. Na ação, o vice-procurador-geral, Humberto de Medeiros, afirma que é preciso esclarecer se o presidente de fato se omitiu em tomar providências sobre denúncias envolvendo a compra da Covaxin. O pedido foi acatado pela ministra Rosa Weber, que determinou abertura de investigação sobre o caso.
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Após a entrevista à Rádio Gaúcha, Bolsonaro participou neste sábado de mais uma motociata com apoiadores em Porto Alegre (RS). Durante o evento, ele gravou video para as redes sociais onde destacou “compromisso com a democracia". “Não abriremos mão da nossa democracia e da nossa liberdade, do nosso direito que está na Constituição, quem pensa o contrário está no caminho errado", disse.
Caso Covaxin
O Ministério da Saúde assinou, em 25 de fevereiro, contrato para compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech. O contrato foi fechado com a Precisa Medicamentos, intermediária da Bharat no Brasil, ao custo de US$ 15 por dose.
Em depoimento ao MPF, o servidor da saúde Luis Ricardo Miranda relatou ter sofrido "pressão atípica" para liberar a aprovação da vacina, que teve contrato fechado em tempo recorde, antes mesmo de a vacina ter todos os dados divulgados ou aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Meses antes, o Planalto já tinha negado propostas de vacinas mais baratas que a Covaxin, como a da Pfizer (que custava US$ 10). Caso atingiu o Planalto após o deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmar ter relatado o caso pessoalmente a Jair Bolsonaro. Depois do surgimento das suspeitas, o Ministério suspendeu a compra da vacina.
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