Daniel Silveira diz ter matado "uns 12" quando era PM, mas registros não têm nenhuma morte

Nos registros analisados, Daniel Silveira, na verdade, sequer chegou a disparar um único tiro com arma de fogo

Em entrevista após a posse em 2019, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), atualmente preso após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que ao longo dos seis anos em que atuou como policial militar, teria matado pelo menos “uns 12” criminosos em confrontos com a polícia. Contudo, conforme levantamento realizado pelo portal G1, não há nenhuma ocorrência de morte em sua atuação como policial.

Daniel Lúcio Silveira foi PM entre 2012 e 2018 no Rio de Janeiro e costuma se vangloriar de seu período como militar, no qual era conhecido por “soldado Lúcio”. Na entrevista de 2019 à revista Piauí, afirmou: “Não dá para contar quantas vezes acionei o gatilho. Mas não tive desvios de conduta, nunca matei ninguém. Não por erro”. Ao ser questionado quantos matou, respondeu: “Devo ter o quê?! Uns 12, por aí. Mas dentro da legalidade. Em confronto policial. É sempre em confronto. Já fui alvejado também, patrulhando".

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Após a prisão do deputado pela Polícia Federal na terça-feira, 16, o G1 analisou 20 registros de ocorrência do policial-deputado e não encontrou nenhuma morte. Na verdade, em nenhum deles Silveira sequer chegou a disparar um único tiro com arma de fogo. Ele não assinou nenhum auto de resistência - espécie de relatório no qual os PMs que mataram um suspeito alegam legítima defesa e resistência à prisão por parte da vítima.

O deputado é um dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara e está preso há quase uma semana, quando a PF cumpriu mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A prisão ocorreu após Daniel Silveira publicar vídeo nas redes sociais fazendo apologia ao AI-5 - instrumento de repressão da ditadura militar brasileira que retirou direitos e fechou o Congresso - e pedindo a destituição de ministros do STF.

A decisão de Moraes foi referendada por unanimidade pelos outros ministros da Corte e, na sequência, foi confirmada pela Câmara dos Deputados, que tem a última palavra em caso de prisão de um parlamentar em exercício do mandato. Nesta terça-feira, 23, o Conselho de Ética da Câmara deve se reunir novamente para analisar o caso de Silveira e, também, o da deputada Flordelis (PSD-RJ), acusada de ser mandante do assassinato do marido, o Pastor Anderson, em 2019.

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