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Mãe de Miguel, Mirtes se matricula em curso de Direito: "Meu filho me deu o dever de ajudar o próximo"

Mirtes também sente, no coração de mãe, o orgulho do filho pela decisão de se tornar advogada
14:37 | Nov. 25, 2020
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Mirtes Renata Santana de Souza, mãe de Miguel Otávio, criança que morreu após cair 9º andar do prédio de luxo em que Mirtes trabalhava como empregada doméstica no Centro de Recife, Pernambuco, decidiu assumir um novo desafio: o de cursar Direito a partir de 2021, no Recife, para se tornar advogada.

“Me vi nessa missão. Meu filho me deu o dever de ajudar o próximo”, afirmou. Segundo ela, o luto pela morte do filho trouxe a determinação para começar uma nova carreira, além da força para enfrentar preconceitos. “Eu já estou preparada para os desafios. Pode ser que eu passe por algum preconceito, mas já estou passando por coisas piores. Nada se compara à dor que estou sentindo”, declarou.

As informações são do portal G1, com quem Mirtes conversou.

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Os planos de chegar ao ensino superior, segundo Mirtes, eram antigos. “Antes, eu pensava em fazer Administração à distância, para poder ter tempo de cuidar de Miguel. Agora, com essa tragédia, acabei escolhendo o Direito porque senti na pele as injustiças e a morosidade do sistema. Me vi nessa missão de cursar Direito para poder ajudar outras pessoas”, disse.

Conciliar o trabalho em uma Organização Não-Governamental no Recife com a faculdade também vai ser outro desafio na nova rotina da mãe de Miguel. “Eu vou participar de um treinamento para dar palestras, fazer oficinas. Já expliquei que vou começar a faculdade, que tenho essa necessidade de conciliar o trabalho e os estudos, e me disseram que não vai ter problema”, contou.

A graduação de Mirtes vai ser feita de forma presencial, a partir do primeiro semestre de 2021. Ao falar das expectativas com relação à vida de universitária, a tristeza dá lugar à empolgação em seu tom de voz. “Fiz a prova, passei, entreguei a documentação, fiz a matrícula. Agora só falta começar”, falou.

Além da torcida de parentes, amigos e advogados que acompanham Mirtes após a morte de Miguel, a ex-empregada doméstica também sente, no coração de mãe, o orgulho do filho pela decisão de se tornar advogada. “Ele sempre teve orgulho de mim. Em qualquer brincadeira com os meninos da rua, em qualquer festa que eu organizava, ele dizia ‘foi a minha mamãe que fez’. Agora ele deve estar muito orgulhoso”, afirmou.

A primeira audiência do Caso Miguel foi agendada para o dia 3 de dezembro, no Recife. "Estou muito confiante", afirmou. Além da esfera criminal, a mãe, o pai e a avó de Miguel pediram na Justiça uma indenização por danos materiais e morais, totalizando R$ 987 mil, a Sari Gaspar Corte Real, primeira-dama de Tamandaré e ex-patroa de Mirtes.

Relembre o Caso Miguel

 

Filho da ex- empregada doméstica Mirtes Renata, Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morreu no dia 2 de junho, ao cair do nono andar do prédio onde a mãe trabalhava, no Centro do Recife. Patroa de Mirtes, Sarí foi presa em flagrante e liberada, após pagamento de fiança, por ter deixado o menino sozinho dentro do elevador do prédio. Ao sair, a criança caiu de uma altura de 35 metros. O fato aconteceu quando Mirtes deixou o filho sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear na rua com o cachorro da família. Ao voltar para o prédio, ela se deparou com o filho praticamente morto. Miguel ainda foi socorrido, mas não resistiu.

Para a mãe de Miguel, faltou paciência de Sarí com o garoto

Após ter visto as imagens que mostram a patroa dentro do elevador com o menino, instantes antes de ele sair quatro andares acima e despencar de uma altura de 35 metros, Mirtes concluiu que faltou paciência por parte da empregadora. "Quando eu vi o vídeo, entendi o motivo da revolta que houve no velório do meu filho. Antes disso eu não tinha visto nada. Porque quando eu estava na delegacia e os vídeos chegaram, eu não quis ver porque não estava em condições de ver nada", disse Mirtes em entrevista à TV Jornal no dia 4 de junho. "A conclusão que eu tirei é que infelizmente faltou um pouco de paciência dela para tirar meu filho de dentro do elevador. Se ela tivesse tido um pouquinho de paciência, tivesse pegado ele pela mão, antes de ficar só falando, meu filho hoje estaria comigo", lamentou.

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