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Padre investigado por lavagem de dinheiro nega acusações: 'Não existe atividade criminosa'

O Ministério Público de Goiás (MPGO) afirma que o padre se beneficiava do recurso da associação
11:01 | Ago. 24, 2020
Autor Redação O POVO
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O padre Robson de Oliveira negou nesse domingo, 23, as suspeitas de lavagem de dinheiro que pesam sobre ele e sua organização, a Associação dos Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Goiás. Ele disse, ainda, que não tem e nunca teve bens em seu nome.

O Ministério Público de Goiás (MPGO) afirma que o padre se beneficiava do recurso da associação. Ele administra entidades que recolhem aproximadamente R$ 20 milhões mensais em doações.

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Em três anos de investigações, o MPGO rastreou mais de 1,2 mil transações suspeitas nos últimos 10 anos. O padre declara não ter conhecimento sobre essas transações e defendeu que os fatos sejam apurados.

"Não existe nenhuma má intenção, atividade criminosa [nas negociações investigadas]. São números altos? São. Números altos me condenam? Não. Tudo que a Afipe faz é dentro da regra e da lei", declarou o padre em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo. "Eu não tenho nada no meu nome, um patrimônio, um lote, nunca tive", reiterou.

Há suspeitas de desvio de doações dos fiéis e a compra e venda de imóveis como casas, apartamentos e fazendas em diferentes estados. Na tarde de sexta-feira, 21, o padre pediu afastamento das funções do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno e da Afipe

A juíza Placidina Pires, do Tribunal de Justiça de Goiás, afirmou, em decisão obtida pelo portal UOL, que as investigações indicam que o padre Robson usava laranjas e empresas de fachada para esconder supostos desvios de doações dos fiéis para a construção da Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO).

Além da Afipe, o padre preside outras entidades ligadas à associação e é investigado no caso.

Laranjas para dificultar rastreamento do dinheiro, diz juíza

Segundo a juíza, o uso de laranjas e empresas de fachada seria uma estratégia usada pelos investigados para dificultar o rastreamento do dinheiro desviado. Os procuradores reúnem provas para acusar os investigados de apropriação indébita, lavagem de capitais, organização criminosa, sonegação fiscal e falsidade ideológica.

Conforme a magistrada, os elementos informativos coletados indicam que as doações feitas por fiéis de todo o País para o custeio das atividades das Afipes e para o pagamento das obras e projetos de cunho social, em tese, "estão sendo utilizadas para finalidades espúrias, mormente para o pagamento de despesas pessoais dos investigados e para aquisição de imóveis, incluindo várias fazendas e casa de praia".

Em vídeo postado em suas redes sociais, o padre Robson de Oliveira afirmou que todo o dinheiro arrecadado com doações foi utilizado em atividades religiosas e diz estar "sereno e confiante" de que tudo será esclarecido.

"Tudo está desde a primeira doação, e assim continua, na Afipe, e é utilizado para que nós levemos a nossa obra de evangelização aos fiéis ao mundo. Meu coração está sereno e confiante de que tudo será esclarecido o mais breve possível", afirmou.

Investigados movimentaram R$ 1,7 bilhão, segundo MP

Segundo o Ministério Público, as movimentações financeiras analisadas na investigação somam R$ 1,7 bilhão. Segundo o promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins, que coordenou a Operação Vendilhões, nem todo o valor movimentado é referente a atividades consideraras ilícitas. O valor total da fraude sob investigação ainda está sendo apurado, de acordo com o promotor.

O advogado da Afipe, Klaus Marques, afirmou à revista Época que todos os negócios da associação, como a compra e venda de imóveis, estão contabilizados e foram utilizados como investimentos para serem revertidos às próprias atividades religiosas da entidade.

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