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Coluna - Um mesmo esporte em um outro contexto

18:30 | Out. 25, 2019
Autor Agência Brasil
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Tipo Notícia

Há pouco mais de um mês, a cidade de Wuhan foi uma das sedes da Copa do Mundo de Basquete disputada na China, que ficou marcada pela ausência das principais estrelas americanas e pelo título da Espanha. Nos últimos dias, em meio a um mar de modalidades que inundou a maior cidade da província de Hubei, no centro do país de dimensões continentais, o basquete retornou àquele cenário totalmente repaginado para os Jogos Mundiais Militares. Não na essência. Mas as caras e as cartas principais do jogo mudaram.

A Espanha sequer veio a Wuhan. Na verdade, muita gente não veio. São apenas oito países na chave masculina e seis na feminina. Como o próprio nome diz, a competição é restrita a atletas militares, que não precisam ser de carreira, mas também não são os astros que cada equipe nacional tem para oferecer. O armador Davi Rossetto, da seleção brasileira, diz que conhecer os jogadores adversários é tarefa complicada. O trabalho de preparação acaba sendo feito através das estatísticas de jogo, pelo material de partidas transmitidas pela página oficial do evento, ou na TV chinesa. Entre as mulheres, as donas da casa já acabam atraindo atenção, até por terem duas jovens pivôs (Han Xu e Li Yueru) que foram recentemente recrutadas por equipes da WNBA, a liga norte-americana.

Dentro desse panorama, o Brasil é tradicionalmente uma força. No masculino, foi campeão nos Jogos Mundiais Militares de 2011, realizados no Rio de Janeiro. Embora o basquete feminino esteja estreando em uma edição de JMM justamente agora em Wuhan, o Brasil ganhou os últimos dois campeonatos mundiais militares de basquete (2015 e 2016). O país se beneficia de ter uma equipe formanda por jogadores profissionais, seja entre homens (NBB) seja entre mulheres (LBF).

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Isso é possível devido ao Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas, criado em 2008 e que fincou raízes mais fortes à partir dos Jogos do Rio (os de 2011, não os de 2016), com muitos atletas sendo incorporados às três forças por um período temporário de até oito anos, recebendo salário (cerca de R$3.825) e assistência médica, de nutricionista e fisioterapia e também tendo à disposição a estrutura dos centros de treinamento militares.

Embora os atletas da seleção masculina defendam clubes do NBB, com a própria estrutura e salário, Davi Rossetto acredita que ter essas opções à disposição é importante. Segundo ele, ser militar é um sonho para muitos que começam no basquete e, além disso, os Jogos Mundiais Militares acabam proporcionando a chance de fazer parte de uma seleção e atuar internacionalmente, o que colabora para a evolução em quadra. Já Gui Deodato lembra que, em outras épocas, atletas das Forças Armadas ficaram temporariamente sem clube e o suporte financeiro e estrutural serviu como uma alavanca para redirecionar essas carreiras. Rossetto e Deodato são titulares do Minas e perderam alguns jogos do time por conta da viagem à China, mas, segundo eles, o técnico Leo Costa não se opôs e fez questão de desejar boa sorte.

Estre as mulheres, a situação é um pouco diferente. Menos estabelecido no Brasil, o basquete feminino ainda não oferece a segurança que o NBB já atingiu. Para a ala Karla, que já viu de tudo após jogar três olimpíadas, as duas realidades são completamente distintas e os benefícios concedidos pelas Forças Armadas (no caso do basquete, a Aeronáutica) são fundamentais.

As duas chaves dos Jogos se encerram neste sábado, com o Brasil na disputa por medalhas em ambas. Às 4h30 no horário de Brasília, os homens brigam pelo bronze com a China. Mais tarde, às 8h, é a vez de a seleção feminina encarar as chinesas com o ouro como prêmio. A ala Luana espera por uma atmosfera semelhante à da final do vôlei feminino, entre China e Brasil, quando a torcida local extrapolou os já altos padrões de barulho alcançados pelos fãs locais. Se tudo der certo, serão duas seleções brasileiras prestando continência no pódio. Um ato que chama atenção na olimpíada, por exemplo, mas aqui é o padrão. Mais uma vez, é basquete. Mas só um pouquinho diferente.

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