"Essas torcidas serão severamente punidas", afirma promotor sobre confusão no Clássico-Rei de futsal
O promotor de Justiça do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudetor), Edvando França, comentou sobre os incidentes ocorridos no Ginásio Paulo Sarasate, durante o Clássico-Rei de futsal. A partida foi interrompida após confronto entre torcedores de Ceará e Fortaleza
16:08 | Set. 13, 2025
Após os episódios de violência registrados durante o Clássico-Rei de futsal, nessa sexta-feira, 12, no Ginásio Paulo Sarasate, em Fortaleza, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) já iniciou as investigações sobre a responsabilidade dos envolvidos e possíveis falhas no esquema de segurança do evento.
A partida, válida pelo Campeonato Cearense de Futsal, foi interrompida após confronto entre torcedores de Ceará e Fortaleza, com registros de agressões, apreensão de armas brancas e até drogas.
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Em entrevista exclusiva ao Esportes O POVO, o promotor de Justiça Edvando França, responsável pelo Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudetor), comentou os desdobramentos do caso, apontou os próximos passos do MPCE e não descartou punições severas às torcidas organizadas envolvidas.
Confira entrevista com promotor Edvando França:
Esportes O POVO: Como o Ministério Público avalia os episódios de violência no Clássico-Rei de futsal?
Edvando França: A violência no futebol não é novidade, nós já vínhamos acompanhando esse risco. Fizemos uma detecção prévia e os clubes, inclusive, aumentaram o número de seguranças privados. Agora, durante a semana, vamos apurar se houve falhas no cumprimento do plano de segurança, se o número de policiais foi suficiente, por exemplo. O que posso garantir é que quatro pessoas foram presas e conduzidas à delegacia. Um era menor de idade e outros três foram liberados, mas isso não significa impunidade. Eles podem, por exemplo, sair com tornozeleira eletrônica, ficar longe de estádios e ginásios.
Esportes O POVO: A Polícia Militar apreendeu armas brancas e até drogas durante a ocorrência. Como o senhor avalia esse ponto?
Edvando França: O Ginásio Paulo Sarasate não costuma registrar esse tipo de confronto. Precisamos entender com clareza como esses objetos foram encontrados, se dentro ou no entorno do equipamento. Caso tenham entrado no ginásio, será necessária uma investigação detalhada.
Esportes O POVO: Houve falha no policiamento?
Edvando França: O Ministério Público vai analisar se houve, e por que teria havido, deficiência no número de policiais. É fato que o efetivo presente atuou e conseguiu conter o conflito. Não estamos minimizando a gravidade do que ocorreu, mas é importante dizer que não houve consequências ainda mais sérias, pois não houve mortos nem feridos graças a ação da polícia, que evitou o pior.
Esportes O POVO: Algum dos times solicitou que a partida ocorresse com torcida única?
Edvando França: Para que uma partida seja realizada com torcida única, o clube mandante precisa encaminhar um pedido formal ao Ministério Público, e esse pedido não chegou até nós. Pode ser que tenha sido cogitado, mas oficialmente não foi apresentado. E, em princípio, a torcida única não é a solução. Muitas vezes, os confrontos acontecem dentro da própria organizada, entre grupos de oposição política interna. O que está em jogo, nesses casos, nem é a rivalidade entre Ceará e Fortaleza, mas a disputa pelo controle da própria torcida organizada.
Esportes O POVO: Quais medidas o Ministério Público pretende adotar?
Edvando França: Vamos apurar detalhadamente o ocorrido e tomar as providências necessárias. O que posso assegurar é que essas torcidas envolvidas serão severamente punidas. Nosso compromisso é garantir a segurança do torcedor comum, das famílias e das pessoas que frequentam os ginásios e estádios.