Ceará realiza ação antirracista antes de semifinal contra o Maracanã
Antes da partida pela semifinal do Campeonato Cearense começar, apenas jogadores brancos participaram da execução do Hino Nacional. Na sequência, jogadores negros entraram em campo com faixa que trazia mensagem sobre importância do combate ao racismo
O Ceará promoveu neste domingo, 9, uma ação de conscientização contra o racismo, como parte do protocolo de abertura da semifinal do Campeonato Cearense contra o Maracanã. No ato simbólico, apenas os jogadores brancos entraram primeiro em campo e permaneceram perfilados durante a execução do Hino Nacional. Em seguida, os atletas negros sairam dos vestiários segurando uma faixa com a mensagem: "Se os negros também fossem impedidos de entrar em campo, nosso time não existiria. Diga não ao racismo."
Nos telões do estádio Presidente Vargas, foram exibidos ainda recortes de matérias jornalísticas relatando casos de racismo pelo Brasil. Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), mais de 5,2 mil denúncias de injúria racial foram registradas no Disque 100 em 2024.
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O Ceará tem um histórico de iniciativas antirracistas. Em 2024, o clube organizou um mosaico na Arena Castelão com a frase "Fogo nos racistas" e, anualmente, lança uma camisa especial para o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. No ano passado, o movimento hip-hop cearense foi homenageado pelo clube.
A ação ocorre em meio a uma semana marcada por denúncias de racismo no futebol. Após a vitória sobre o América-RN, na última quinta-feira, o Ceará publicou uma nota de repúdio contra atos racistas ocorridos no jogo do Palmeiras contra o Cerro Porteño, pela Libertadores sub-20. Durante a partida, os jogadores Luighi e Figueiredo foram alvos de ofensas racistas e gestos imitando macacos por parte de torcedores paraguaios.
Luighi, visivelmente abalado, chorou no banco de reservas e cobrou um posicionamento das autoridades esportivas: "É sério isso? Não vai me perguntar sobre o caso de racismo que fizeram comigo? O que fizeram comigo foi um crime." Apesar da denúncia, o árbitro não interrompeu a partida, e os torcedores permaneceram na arquibancada.