Quarta onda da Covid-19 em Fortaleza pode atingir pico no início de julho

Conforme o epidemiologista Antônio Lima, coordenador de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), é difícil que seja necessário determinar medidas compulsórias contra a Covid-19 nesta quarta onda

Em diversos aspectos, a quarta onda da Covid-19 está sendo diferente dos ciclos de contaminação anteriores. Apesar das incertezas em relação ao cenário, o epidemiologista Antônio Lima, coordenador de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), estima que o pico pode ser atingido no início de julho. A quarta onda apresenta aumento lento e baixa mortalidade principalmente em razão da cobertura vacinal. 

Em entrevista ao O POVO, ele explica que dimensão da quarta onda não é exatamente clara porque muitos infectados apresentam sintomas muito leves e nem chegam a realizar a testagem. Além disso, parte da população tem feito a identificação do vírus por meio do autoteste e, dessa forma, não há notificação oficial do caso. 

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"Não temos muito a dimensão. Se formos seguir o padrão internacional. Pico deve ser no início de julho. Vamos chegar a uma positividade de, no máximo, de 40%. A partir daí, vamos começar a cair", analisa. "Me parece que a gente está em uma escalada próxima do topo", acrescenta. 

Ele destaca que Fortaleza tem em torno de 70% da população vacinável (acima de 5 anos) imunizada com a terceira dose e 90% com o esquema primário (duas doses). O epidemiologista detalha que se esperava que uma parte das pessoas que foi infectada pela variante Ômicron estivesse protegido parcialmente das duas "novas" subvariantes — BA.4 e BA.5.

As subvariantes BA.1 e BA.2 eram predominantes mas estão sendo substituídas pelas mais recentes de forma rápida. Antônio Lima explica que a BA.4 e BA.5 tem maior nível escape da imunidade adquirida pela infecção anterior e pela vacinação. Apesar disso, o quadro clínico dos infectados tem sido mais brando. 

O aumento de casos está sendo puxado pelos adultos jovens (20 - 59 anos). Após a terceira onda, em meados de fevereiro, a Capital passou três meses com número pequeno de casos diários, principalmente entre crianças, faixa etária não vacinada. "Entre maio e junho, houve um deslocamento de faixa etária, de crianças e adolescentes para faixa etária com maior número de pessoas", aponta.

Novo momento da pandemia

"Esse momento é um momento novo". Alguns fatores amenizam o histórico vivido nas outras fases da pandemia, como a fração importante da população com três ou quatro doses e uma maioria de casos sem complicações graves. Mas ele pondera: "Esse vírus nos trouxe muitas incertezas, a gente não conhece bem os próximos passos. Não se sabe o que pode vir em seguida, embora pareça um cenário mais brando".

Segundo ele, é preciso analisar o cenário local para estimular mais as medidas mais acertadas quando necessário, como vacinação ou medidas não farmacológicas. "A pandemia assusta menos. Estamos há 35 dias sem óbitos. Tivemos mais de 100 óbitos em um dia", compara.

É possível que o Estado atravesse esta quarta onda sem determinação de medida compulsória por parte Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia. Antônio Lima, que tem assento no grupo, destaca que, "se for necessário, o comitê faria".

"Difícil voltar para o modo compulsório. O impacto assistencial não tem se mostrado dramático. As medidas obrigatórias são tomadas quando você percebe que não está conseguindo de fato combater de forma a dar assistência adequada. Pode acontecer, mas não vejo uma progressão exponencial de Covid", justifica.

Sobre os números de internação, ele destaca a ocorrência dos casos de "Covid incidental". Termo é utilizado para se referir aos casos de pacientes que precisam de atendimento de saúde por uma outras doença, mas também estão infectados com vírus. Ou seja, pessoas que estão com a infecção mas não buscaram atendimento por causa da Covid-19. 

"A gente não tinha Covid incidental nas primeiras ondas. A partir da Ômicron, tivemos casos brandos e o considerado incidental", diz.

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