Covid-19: internação de criança em Lençóis Paulista (SP) não teve relação com vacina, conclui investigação

Criança tem síndrome congênita rara, até então desconhecida pela família, que causou parada cardiorrespiratória. Caso não teve relação com imunização com a vacina da Pfizer contra a Covid-19

A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo concluiu, após investigação, que caso de uma menina de 10 anos que teve uma parada cardiorrespiratória 12 horas após ter sido vacinada contra Covid-19 em Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, não teve relação com o imunizante. A equipe de análise descobriu que a criança tem síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW), até então desconhecida pela família. A condição congênita rara desencadeou a crise de taquicardia. 

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Em nota pública, o Centro de Vigilância Epidemiológica informou que "a criança foi atendida em tempo oportuno, o quadro foi revertido e ela encontra-se hospitalizada, monitorizada e estável". Órgão acrescenta que a menina foi imunizada "com técnica correta, com imunizante do fabricante Pfizer correto para a faixa etária e devidamente condicionado".

Nessa quarta-feira, 19, caso foi notificado no Sistema de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-vacinação. Situação levou a Prefeitura de Lençóis Paulista a suspender ainda na quarta a campanha de imunização de crianças por sete dias. 

O documento detalha que, para se estabelecer a relação causal entre a vacinação e o agravo, foi realizada uma investigação utilizando informações passadas pela família e pelos serviços de saúde onde a criança foi assistida. 

Concluiu-se que a paciente tem uma pré-excitação no eletrocardiograma, característica da síndrome de Wolff-Parkinson-White. "Esta é uma condição congênita que leva o coração a ter crises de taquicardia. Algumas destas crises podem ter frequência muito alta, levando até a síncope ou mesmo morte súbita. A WPW é mais comum causa de morte súbita por arritmia ventricular", detalha o documento.

"Não existe relação causal entre a vacinação e o quadro clínico apresentado, portanto, o evento adverso pós-vacinação está descartado", conclui documento.

A investigação foi conduzida de forma conjunta pelo Estado, através da Divisão de Imunização e dos Grupos de Vigilância Epidemiológica de Botucatu e Bauru– CVE, e pelo município de Lençóis Paulista. O caso foi analisado por especialistas do Grupo de Trabalho em Eventos Adversos Pós-vacinação da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações (GT-EAPV-CPAI).

A cardiologista pediátrica Lucia Pellanda, reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), explica que a síndrome é rara na população em geral, mas que, entre as arritmias, é uma das mais comuns. Em muitos casos, o paciente só tem diagnóstico após alguma manifestação ou faz algum exame. 

"A prevalência é de menos de 1% das pessoas", diz. A médica detalha que a doença é como se fosse uma espécie de "atalho" do sistema elétrico do coração. "O coração tem algumas vias em que o impulso elétrico viaja dos átrios para os ventrículos. A síndrome de Wolf-Parkinson-White é como se tivesse uma via extra. O problema acontece quando o impulso passa por ali e pode dar umas voltas extras, o que gera o risco de arritmias", pormenoriza. 

Lucia Pellanda afirma que quando uma medicação ou uma vacina é utilizada em milhões de pessoas, muitas reações acontecem por acaso, sem ter relação com a substância. "A gente só consegue ver (se há relação com a vacina) se essa frequência for aumentada em relação ao que seria pelo acaso. Essa menina poderia ter descoberto da mesma forma sem ter tomado a vacina. Como tomou, a gente precisa notificar todos para investigar um por um", afirma.

Justamente esse processor de notificação torna o sistema de imunização seguro, analisa a médica. "A gente saber que todos os casos, mesmo os mais improváveis, vão ser investigados", acrescenta. 

Leia nota na íntegra 

NOTA INFORMATIVA Nº1 CVE/CCD/SES-SP

Assunto: Investigação de Notificação de Evento Adverso Pós-Vacinação

No dia 19 de janeiro de 2022 foi notificado ao Sistema de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-vacinação um caso de criança de 10 anos que evoluiu com parada cardiorrespiratória cerca de 12 horas após a vacinação contra Covid-19. A criança é residente no município de Lençóis Paulista, foi imunizada com técnica correta, com imunizante do fabricante Pfizer correto para a faixa etária e devidamente condicionado.

A criança foi atendida em tempo oportuno, o quadro foi revertido e ela encontra-se hospitalizada, monitorizada e estável.

Para se estabelecer a relação causal entre a vacinação e o agravo, foi realizada uma investigação que agrupou informações com a família e com os serviços de saúde onde a criança foi assistida. A investigação foi conduzida de forma conjunta pelo Estado, através da Divisão de Imunização e dos Grupos de Vigilância Epidemiológica de Botucatu e Bauru – CVE, e pelo município de Lençóis Paulista.

As informações sobre o caso foram avaliadas por especialistas do Grupo de Trabalho em Eventos Adversos Pós-vacinação da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações (GT-EAPV-CPAI). Concluiu-se que a paciente tem uma pré-excitação no eletrocardiograma, característica da síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW). Esta é uma condição congênita que leva o coração a ter crises de taquicardia. Algumas destas crises podem ter frequência muito alta, levando até a síncope ou mesmo morte súbita. A WPW é mais comum causa de morte súbita por arritmia ventricular.

Conclusão:
A síndrome de Wolff-Parkinson-White, até então não diagnosticada e desconhecida pela família, levou a criança a ter uma crise de taquicardia, que resultou em instabilidade hemodinâmica. Não existe relação causal entre a vacinação e o quadro clínico apresentado, portanto, o evento adverso pós-vacinação está descartado.

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