Delta? Alfa? Entenda os efeitos das novas variantes da Covid-19 no Ceará

Especialistas explicam o que são essas mutações do coronavírus, de onde vêm as variantes, quais suas manifestações, perigos e as principais formas de conter o avanço da doença

Segundo o último boletim da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), na quarta-feira, 18, o Ceará confirmou a presença de novas variantes em seu território, sendo 43 casos da variante delta do coronavírus e o primeiro caso da alfa. Mas afinal, o que são essas novas mutações do coronavírus e o que elas podem causar à população?

Em entrevista ao O POVO, o médico infectologista Keny Colares explica que a variante do Sars-CoV-2, a alfa (B.1.1.7) foi descoberta na Inglaterra. Dentre as suas características, possui uma baixa capacidade de driblar os efeitos da vacina, atestando a eficácia dos imunizantes contra a doença.

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A grande preocupação estava na sua alta transmissibilidade, que hoje foi superada pelo surgimento da variante delta (B.1.617.2). A delta possui duas vezes maior índice de transmissão que o vírus original.

As novas variantes estão recebendo nomes do alfabetos gregos (alfa, beta, gama e delta) para evitar que o vírus seja associado à nacionalidade, gerando estigmas sociais.

A delta foi descoberta na Índia, e recentemente chegou ao Ceará. Dos 43 casos da delta no Estado, 28 são importados, foram identificados em viajantes que testaram nas barreiras sanitárias dos aeroportos e rodoviárias cearenses.

Manifestação do vírus em casos sintomáticos

 

Com a variante delta, o infectologista conta que as pessoas podem apresentar sintomas como secreção nasal e dor de garganta. Diferenciando-se dos efeitos iniciais da doença, que costumavam estar relacionados à tosse e ao fenômeno de alteração do paladar e olfato. Colares ressalta, entretanto, que isso não é um dado absoluto.

Esse fenômeno acontece porque o país tem uma parcela da população protegida com a vacinação. Em alguns casos, as pessoas imunizadas podem até apresentar os sintomas da doença, mas de forma amena, com um resfriado e pouca febre.

Segundo o virologista e professor da Universidade Feevale, Fernando Spilki, o paciente passou a apresentar um quadro de resfriado: “É aí que mora o perigo, porque as pessoas podem não perceber que estão infectadas. Muito cuidado com qualquer sintoma de doença respiratória”, argumenta o virologista em entrevista à rádio O POVO CBN.

É importante estar atento aos sintomas

 

Ao apresentar os sintomas de uma gripe comum, - nariz escorrendo, algum grau de tosse, dor de garganta, moleza no corpo e febre - é importante que o indivíduo passe a ter precauções iniciais:

  • Fazer a testagem, pois o teste vai ajudar a definir o isolamento para os contaminados.
  • Convocar as pessoas que tiveram contato com o infectado para fazer o teste, porque quem está infectado, mesmo assintomático, pode estar transmitindo o vírus. 

Mas afinal, como surgem as variantes?

 

Cada microrganismo tem a capacidade de variar seu material genético. Só que os vírus, especialmente aqueles com material de RNA, variam muito mais rapidamente do que os outros. Assim como os vírus podem criar mutações perigosas, transmissíveis e driblar as respostas imunológicas, eles também podem se transformar em um vírus mais frágil e desaparecer.

O processo é ao acaso. O virologista da universidade de Feevale explica que é como jogar um dado seis vezes, tentando encontrar o número 6. "Agora, se jogar 30 mil vezes, eu vou colecionar inúmeras vezes o número que eu quiser. Com os altos números de contaminação, a gente continua indagando chances para que novas variantes surjam. Esse número só vai ser refreado quando a gente estiver com um grande contingente da população vacinada e se cuidando”, conclui Spilki.

Transmissão em crianças e adolescentes

 

Os especialistas informam que não está comprovado que a delta e alfa são mais perigosas para crianças. As crianças e adolescentes estão menos imunizados, pois estão recebendo menos a vacina, então a tendência é que a doença seja mais distribuída a esse grupo.

“A chance de complicação nos casos de crianças é muito baixa, 2 para cada 1000, nos casos de pessoas sem comorbidade”, explica o médico infectologista, Keny Colares.

Importância da vacina

 

Houve uma explosão nos número de casos novos em diversas partes do mundo. Nos países com alta taxa de vacinação, com mais de 50% da população, as curvas de internação e óbitos não sobem da mesma forma que no início da contaminação, mostrando que a imunização está protegendo parcialmente.

Em países com baixos índices de vacinação, como Índia e Indonésia, a curva de casos cresce de forma acentuada. Com cerca de quatro semanas, a curva de óbitos então passar a acompanhar o aumento. A população desprotegida continua desenvolvendo a doença em seu estado mais grave.

A maioria das vacinas disponíveis no Ceará (Pfizer, Coronavac e Astrazeneca) demanda um reforço complementar, respeitando o intervalo entre as doses. 

Questionado sobre o potencial das vacinas, Fernando Spilki responde: “Em relação a D2, ela já era importante no passado. Hoje, ela é fundamental, principalmente nesse contexto de novas variantes”.

Em relação aos óbitos nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 99% dos casos atualmente são de não vacinados. A informação foi dada pelo conselheiro da Casa Branca, Anthony Fauci, em julho.

As vacinas falham diante das novas mutações?

 

Com o passar do tempo, a proteção tende a cair, mas não a proteção imunológica completamente. Isso é mais comum em idosos e pessoas com doenças que afetam o sistema imunológico.

“A gente sabe que a vacina não protege 100%. Cedo ou tarde, os países vão ter que se reunir para discutir a necessidade da terceira dose. Isso é complicado porque nem todo mundo conseguiu receber o imunizante ainda”, informa o médico Keny Colares, que também é professor da Universidade de Fortaleza.

O impacto das variantes nas vacinas ainda está sendo pesquisado. Os estudos recentes indicam que todas as variantes parecem ter uma capacidade maior para driblar a proteção desenvolvida contra a doença, mas isso não acontece da mesma forma para todas as pessoas, nem com todas as variantes. O médico infectologista faz a seguinte observação:

  • Delta tem a capacidade intermediária de driblar o sistema de defesa;
  • Alfa tem a menor capacidade de driblar o sistema de defesa;
  • Gama tem a capacidade intermediária de driblar o sistema de defesa;
  • Beta tem a maior capacidade de driblar o sistema de defesa.

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