Mortes por Covid na Índia seriam até 10 vezes superiores ao balanço oficial, afirma estudo

O estudo calcula que entre 3,4 e 4,7 milhões de pessoas morreram vítimas do vírus no país entre o início da pandemia e junho deste ano. O balanço oficial aponta 415 mil mortes

O número real de mortes provocadas pela Covid-19 na Índia pode ser até 10 vezes superior às quase 415 mil vítimas fatais registradas no balanço oficial, aponta um estudo de um grupo de pesquisa dos Estados Unidos.

 

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Os analistas advertem há algum tempo que o balanço está consideravelmente subestimado neste país de 1,3 bilhão de habitantes.

 

Mas o número divulgado pelo estudo do 'Center for Global Development' (Centro para o Desenvolvimento Global) é o maior até o momento e leva em consideração o dramático aumento de casos e mortes entre abril e maio na Índia, provocado em grande parte pela variante Delta, que foi identificada pela primeira vez no país.

 

O estudo calcula que entre 3,4 e 4,7 milhões de pessoas morreram vítimas do vírus no país entre o início da pandemia e junho deste ano.

 

"As mortes reais provavelmente estão em vários milhões, não centenas de milhares, o que transformaria esta na maior tragédia humanitária da Índia desde a independência", afirmaram os pesquisadores.

 

Após a divisão do império Indiano Britânico entre a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana, em 1947, a violência religiosa deixou centenas de milhares de mortos. Algumas fontes chegam a citar dois milhões de vítimas fatais.

 

O balanço oficial do país para o coronavírus registra 414 mil óbitos por covid-19, o terceiro maior do mundo, atrás dos Estados Unidos (609.000) e do Brasil (542.000).

 

Analistas questionam os números, mas atribuem os erros mais ao nível de colapso dos serviços de saúde saturados que a uma manipulação deliberada.

 

De fato, vários estados indianos revisaram os balanços nas últimas semanas e adicionaram milhares de óbitos atrasados.

 

O estudo do centro de pesquisas americano se baseou na análise do "excesso de mortalidade", o número de mortes adicionais na comparação com o período prévio à crise de saúde.

 

Os autores - entre eles Arvind Subramanian, ex-conselheiro econômico do governo indiano, e um especialista de Harvard - reconhecem que calcular a mortalidade com uma confiabilidade estatística é difícil.

 

"Mas todas as estimativas sugerem que o balanço de mortes da pandemia é de uma magnitude muito maior do que a contagem oficial", afirmam.

 

Christophe Guilmoto, demógrafo do Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento, divulgou recentemente um estudo no qual afirmava que o balanço de mortes estava próximo de 2,2 milhões no fim de maio.

 

Guilmoto observou que a taxa de mortalidade (por milhão de habitantes) na Índia era 50% inferior à média mundial.

 

"Um número tão baixo está em evidente contradição com a gravidade da crise que afetou a maioria das famílias indianas no país, que se refletiu na dramática escassez de vacinas, testes de covid-19, ambulâncias, no acesso a profissionais de saúde, a leitos de hospital, oxigênio, medicamentos e, finalmente, caixões, madeira, sacerdotes, cremação ou enterro, como foi amplamente noticiado na imprensa indiana e internacional", escreveu.

 

No mês passado, o ministério da Saúde da Índia criticou a revista The Economist por afirmar em um artigo que o excesso de mortalidade era entre cinco e sete vezes superior ao balanço oficial.

 

O ministério afirmou que o texto era "especulativo" e "desinformado".

 

Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) em maio destacou que até três vezes mais pessoas morreram no mundo durante a pandemia (de coronavírus ou outras causas) do que o indicado nas estatísticas oficiais.

 

 

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